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Mobilizar as comunidades litorâneas do país onde ocorrem desova das tartarugas marinhas é uma das frentes prioritárias do trabalho desenvolvido pelo Projeto Tamar. Foi com esta estratégia que a entidade conseguiu reverter a tendência de redução das populações das cinco espécies de ocorrência no país. Embora ainda estejam todas ameaçadas de extinção, uma melhora do quadro já foi confirmada em pesquisas e está associada à transformação de hábitos humanos e à parceria com pescadores e outros profissionais.

O Projeto Tamar deu início, neste fim de semana, às celebrações de seus 40 anos e Antônio Vieira viveu mais de 30 deles trabalhando na unidade da Praia do Forte, em Mata de São João (BA), a cerca de 80 quilômetros de Salvador. Ele é um tartarugueiro, nome que se dá aos profissionais que participam do mapeamento dos ninhos de tartaruga. Antes de descobrir a nova atividade, ele era pescador e confessa: embora não fosse o foco, era comum que tartarugas fossem capturadas e, quando isso ocorria, o animal virava alimento.

“A gente comia. Naquele tempo não existia Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis] e não tinha fiscalização nenhuma”, diz. Hoje, segundo ele, a realidade é outra: “Continuam ficando presas nas redes, não tem jeito. Mas quando elas ainda estão vivas, os pescadores soltam. Ninguém mata mais.”

Com atuação em 25 localidades da costa brasileira, o Projeto Tamar gera 1,8 mil oportunidades de trabalho, dos quais cerca de 700 são empregos diretos com carteira assinada. A maior parte desses contratados, como Seu Antônio, são pessoas das próprias comunidades. Além de cumprirem suas tarefas no projeto, eles funcionam como educadores ambientais, pois espalham a mensagem entre os moradores. Quem continuou vivendo da pesca absorve os ensinamentos e muitos colaboram voluntariamente com o trabalho.

“O pescador é quem mais entende de praia. Ele sabe onde estão os animais. Então trazer ele pra conservação foi fundamental. E são multiplicadores da mensagem. Eles a reproduzem para suas famílias. As novas gerações de pescadores estão cada vez mais conscientes”, diz o biólogo do projeto Claudemar Santana, conhecido como Mazinho.

A oceanógrafa Neca Marcovaldi, coordenadora de pesquisa e conservação do Projeto Tamar e uma das fundadoras da iniciativa, cita o impacto econômico que a conservação produz nas comunidades. “Antes viam das tartarugas como possibilidade de subsistência. Hoje, passaram a vê-las como oportunidade de emprego e de desenvolvimento local”, explica.

Na Praia da Forte, o trabalho de conservação transformou a economia das comunidades que viram novas oportunidades se abrirem a partir da atração de turistas. O Museu do Tamar sediado no local está entre os cinco museus mais visitados do Nordeste. O próprio projeto também estimulou outras vocações econômicas nas regiões onde está instalado.

“Com o tempo, nós fomos trabalhando com as mulheres dos pescadores fazendo confecções que hoje são as camisetas vendidas nas nossas lojas. Há locais, por exemplo, onde tradicionalmente as mulheres trabalhavam com bordado. E essa produção se estruturou em uma teia de funcionamento”, diz Neca.

Agência Brasil.

Imagem: Fernando Frazão.

guazelli

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