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Em depoimento à CPMI das Fake News nesta quarta-feira (4), o empresário Marcos Aurélio Carvalho, sócio da agência de marketing AM4, negou qualquer vinculação do seu trabalho com empresas que operam envios em massa de mensagens telefônicas. Carvalho foi convocado pela comissão a pedido do deputado Rui Falcão (PT-SP).

A AM4 coordenou o marketing eleitoral e a captação financeira para as campanhas de Jair Bolsonaro e do PSL em 2018. Os serviços executados foram sites de campanha, contato com influenciadores digitais, desenvolvimento de plataforma para doações e, no segundo turno do pleito presidencial, vídeos para propaganda eleitoral.

Serviços de envios de mensagens em massa são investigados pela CPMI, que já ouviu um ex-funcionário e um proprietário da empresa Yacows, baseada em São Paulo, que trabalha com essa atividade. Esses depoimentos citaram a AM4 como produtora de conteúdos que a Yacows repassou para diversos números de celular durante o período eleitoral.

Yacows
Segundo Carvalho, a AM4 executou apenas um serviço de envio de mensagens por meio da Yacows. De acordo com ele, a empresa usou a ferramenta Bulk Services, operada pela Yacows, para informar a cerca de 9 mil doadores de campanha sobre uma mudança no telefone de contato da plataforma de doações.

O empresário negou que a empresa tenha adotado como ação de campanha o envio sistemático de material político para grandes grupos de destinatários. “Em hipótese alguma atuamos com disparos [de mensagens em massa]. Não há nenhum crime, mas achamos que não é eficiente da forma como se imagina que seja. A AM4 não é uma empresa de WhatsApp“, disse Carvalho.

O depoente criticou duramente o modus operandi da Yacows, que ele classificou como “submundo”. A empresa foi acusada de usar chips de celular registrados sob números de CPF obtidos irregularmente para enviar mensagens. Carvalho declarou que não tinha conhecimento dessas práticas até elas serem reveladas à CPMI. Relatou ainda que a AM4 não estava ciente da ligação da Yacows com a ferramenta Bulk Services. Ainda segundo o empresário, a nota fiscal referente ao serviço foi emitida em nome de uma segunda empresa, Kiplix.

Material apagado
Parlamentares indagaram o empresário sobre reportagem da Folha de S.Paulo que informou que o material enviado pela Yacows em nome da AM4 foi apagado. Carvalho afirmou possuir registros do conteúdo e que os encaminhará à comissão.

Ele disse assegurar que seus funcionários não foram responsáveis por apagar as mensagens e aconselhou a CPMI a solicitar os backups mantidos pela Yacows, que podem oferecer uma resposta. O representante da Yacows, Lindolfo Neto, havia dito à comissão que não teria informações sobre o caso.

Marcos Aurélio Carvalho também criticou o ex-funcionário da Yacows Hans River, que acusou a AM4 em depoimento anterior à CPMI. Tanto River quanto Lindolfo Neto afirmaram aos parlamentares que a AM4 participou de audiências no processo trabalhista que resultou em acordo entre Rivers e Yacows. Carvalho, por sua vez, declarou hoje que ambos incorreram em “calúnia absurda” e que pode provar, por meio das atas das audiências, que essa informação não procede.

Carlos Bolsonaro
Após trabalhar para a campanha eleitoral de Jair Bolsonaro, Marcos Aurélio Carvalho chegou a integrar a equipe de transição do governo por alguns dias, em novembro 2018, antes de se desligar voluntariamente. O rompimento aconteceu depois de declarações de Carlos Bolsonaro, filho do presidente, em resposta a menções ao nome de Carvalho na imprensa como um “conselheiro” do governo. Em publicações em redes sociais, Carlos disse que o empresário queria “se dar bem de algum jeito”.

Carvalho afirmou que não tinha contato com Carlos durante a campanha, e que os dois só se encontraram pessoalmente três vezes. Segundo ele, não houve nenhuma ingerência da família do presidente sobre o trabalho da equipe de marketing no período eleitoral, mas esses atritos começaram a surgir no período de transição.

Após as declarações de Carlos Bolsonaro, Carvalho decidiu encerrar a “aventura” — palavra que usou para descrever a participação da AM4 na campanha eleitoral. “Quis uma retratação, mas os nossos interlocutores disseram que não era hora. Como não tive respaldo, pedi para sair. Nunca foi meu interesse ter participação em governo”, comentou o empresário.

Agência Câmara Notícias.

Imagem: Roque de Sá.

guazelli

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