Vários deputados foram à tribuna na sessão do Congresso para comentar o discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). A oposição criticou o discurso, que chamou de agressivo. Já defensores afirmaram que Bolsonaro destacou a soberania brasileira.
O discurso da ONU foi o primeiro assunto discutido em Plenário. O deputado Bacelar (PODE-BA) abriu os trabalhos afirmando que Bolsonaro “perdeu uma grande oportunidade de tirar o Brasil do isolacionismo ambiental em que se encontra”.
Bolsonaro minimizou as queimadas na Amazônia e fez críticas à repercussão do episódio. “Ela [Amazônia] não está sendo devastada e nem consumida pelo fogo, como diz mentirosamente a mídia”, afirmou o presidente, que também criticou lideranças indígenas.
Para Bacelar, Bolsonaro precisava convencer o mundo de que o Brasil tem compromisso com a preservação da Amazônia. “Eu esperava que o sr. presidente convencesse o mundo de que não há descontrole no desmatamento na Amazônia, mas não. Atacou a maior liderança indígena do País, as organizações não governamentais, a imprensa e não propôs nada”, afirmou.
Quem defendeu Bolsonaro foi o deputado José Medeiros (PODE-MT). Ele disse que o presidente foi à ONU dizer que a Amazônia pertence aos brasileiros, não aos estrangeiros. “Ele falou em alto e bom som: a Amazônia é nossa. E não dá para Macron vir dar pitaco sobre a nossa questão ambiental”, disse Medeiros, referindo-se ao presidente da França, Emmanuel Macron, crítico da política ambiental de Bolsonaro.
Mais cedo, em suas redes sociais, a deputada Caroline de Toni (PSL-SC) afirmou que Bolsonaro falou a verdade sobre ditaduras socialistas, como Cuba e Venezuela, e reforçou corretamente valores como democracia, livre comércio e integração comercial entre os países.
A deputada Carla Zambelli (PSL-SP) elogiou a citação ao ministro Sérgio Moro no discurso de Bolsonaro na ONU, que classificou de “linda homenagem”.
“Paranoia”
A maioria dos discursos, no entanto, manteve o tom crítico a Bolsonaro. O deputado Bohn Gass (PT-RS) disse que o pronunciamento foi histórico. “Nunca antes na história da ONU um líder demonstrou tanta paranoia, fez tantos ataques e tantas ofensas e desrespeitou tanta gente, tantos líderes e tantas nações”, disse.
O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) disse que, em vez de projetar o Brasil no cenário internacional, o discurso de Bolsonaro poderá nos levar ao isolamento. “Com as agressões que foram praticadas ali, como encontrar interlocutor para garantir que esses acordos, que vêm sendo negociados há muito tempo, possam existir?”, questionou.
Agência Câmara Notícias.
Imagem: United Nations, Nova Iorque.
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