As declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre a jornalista da Folha de S.Paulo Patrícia Campos Mello foram alvo de críticas de parlamentares durante a sessão plenária da Câmara dos Deputados desta terça-feira (18). A jornalista é responsável por uma série de reportagens sobre o uso de redes sociais financiado por empresas para promover a candidatura de Bolsonaro em 2018.
“Ela [repórter] queria um furo. Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim”, disse o presidente, em frente ao Palácio da Alvorada.
A declaração de Bolsonaro ocorreu uma semana após Hans River do Nascimento, ex-funcionário da empresa de marketing digital Yacows, ter feito ataques à jornalista durante depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News.
Para o deputado Marcelo Nilo (PSB-BA), Bolsonaro “ultrapassou os limites da imaginação” com as ofensas de cunho sexual à jornalista.
O deputado David Miranda (Psol-RJ) disse que as declarações de Bolsonaro causam “vergonha à cadeira da Presidência” e afirmou que há uma tentativa de se normalizar absurdos. “Estão relativizando cada tipo de coisa, cada absurdo”, afirmou.
É a mesma avaliação do deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA). “Não podemos naturalizar ocorrências gravíssimas como a cometida hoje pelo presidente da República, um presidente que parece não ter a dimensão – como eu já disse aqui outras vezes – da instituição que é a Presidência da República”, condenou.
Bancada feminina
A bancada feminina também reagiu. A deputada Maria do Rosário (PT-RS) condenou as declarações e destacou que elas têm o objetivo de desviar o foco das denúncias feitas pela jornalista: o uso de disparos em massa de notícias falsas em redes sociais e whatsapp, supostamente pagos por empresas, para favorecer a candidatura de Bolsonaro, contrariando a legislação eleitoral.
A deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) disse que as parlamentares vão reagir contra o presidente. “A bancada feminina está articulando uma nota de repúdio a essa declaração. Mas mais do que isso, é hora de dizer um basta a um sujeito que não devia ocupar a cadeira da Presidência da República e que agora está mexendo com as mulheres brasileiras, que vão dar uma resposta muito contundente a esse machista”, criticou.
Já a deputada Talíria Petrone (Psol-RJ) cobrou uma posição oficial da Câmara e do Senado.
Defesa
O deputado Bibo Nunes (PSL-RS) saiu em defesa de Bolsonaro. Ele disse que o presidente foi mal interpretado e que “furo” é apenas um jargão para designar notícia em primeira mão, sem qualquer cunho sexual. “O presidente Bolsonaro não falou nada demais. Simplesmente, todo jornalista quer um furo, ou seja, uma notícia em primeiríssima mão. Então, não há nada de errado”, afirmou.
Para o deputado Otoni de Paula (PSC-RJ), Bolsonaro está sendo alvo de “extremistas de esquerda”. “Neste caso, a maldade não está em quem fala. Está em quem ouve. O presidente falou de furo de reportagem. A esquerda entendeu ‘furico para reportagem’.”
Agência Câmara Notícias.
Imagem: Luis Macedo.
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