Com o enredo sobre Curitiba, tendo referências aos 60 anos do Mercado Municipal e dos povos originários, a caçula Enamorados do Samba ganhou o carnaval 2020 pela primeira vez – com 178,80 pontos. O segundo lugar ficou com a Mocidade Azul (178,70); Acadêmicos da Realeza (177,90); Imperatriz da Liberdade (176,00) e Embaixadores da Alegria (172,60).
De acordo com a Fundação Cultural Curitiba, cerca de 30 mil pessoas assistiram aos desfiles das escolas de samba da capital paranaense.
As cinco escolas do Grupo Especial embalaram o público com sambas-enredo que cantaram desde a a loucura, a intolerância religiosa e a gastronomia até as belezas da lua e homenagem à atriz Lala Schneider, a grande dama do Teatro brasileiro, como lembrou o prefeito Rafael Greca. “A homenagem que a Acadêmicos da Realeza faz a sua memória eterna é um momento de afirmação da cultura de Curitiba”, comentou.
Também foram homenageados os carnavalescos mestre Rodrigues e Marlene Carmelo. Ele faleceu em julho do ano passado e ela, no último dia 10. A primeira escola a desfilar foi a Embaixadores da Alegria, seguida pela Imperatriz da Liberdade, Enamorados do Samba, Acadêmicos da Realeza e Mocidade Azul.
Também estiveram presentes a procuradora-geral do Município, Vanessa Volpi; a presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento, Cris Alessi; o assessor de Relações Internacionais, Rodolpho Zannin Feijó; o diretor artístico da FCC, Edson Bueno; o diretor de Ação Cultural, Beto Lanza; a coordenadora dos núcleos regionais da Fundação Cultural, Angelina Balaguer; o diretor executivo do Instituto Curitiba de Arte e Cultura, Marino Galvão Junior, e o vereador Serginho do Posto.
O entusiasmo só deixou o local depois que a pentacampeã, vencedora do ano passado, a Mocidade Azul, apresentou-se debaixo de chuva fina, do início ao fim do desfile, pouco antes das 2h deste domingo. A lua, que inspirou seu enredo, brilhou nas fantasias e no samba da escola.
Acompanhada da família, irmãos e sobrinhos, Ângela Alves Machado, de 43 anos, gosta de acompanhar o carnaval na cidade. “Vou aos bloquinhos e gosto sempre de prestigiar as escolas. É um orgulho valorizar a cultura de Curitiba. Muitas vezes as pessoas querem viajar, mas aqui também tem coisas interessantes para aproveitar com a vantagem de ter menos tumulto e poder voltar pra casa”, afirmou.
A Embaixadores da Alegria, escola de samba mais antiga na cidade, foi a primeira a entrar na passarela. A escola se valeu dos primeiros versos da canção Maluco Beleza, de Raul Seixas. O enredo foi inspirado na loucura e na genialidade. A agremiação teve um contratempo com o carro abre-alas no começo do desfile, que não chegou a prejudicar sua apresentação.
A Imperatriz da Liberdade deu continuidade aos desfiles, e trouxe para a Marechal uma questão que se destaca por ser comum a outros lugares do Brasil: a intolerância religiosa contra as religiões de matriz africana.
A curitibana Maria Luiza Triaquin, 20 anos, nunca tinha participado do carnaval, esteve na avenida por se identificar com o tema da Imperatriz, mas se surpreendeu com a animação.
“Amei, tenho vontade de voltar lá e fazer de novo. Não imaginava que Curitiba tinha todo esse carnaval. Agora eu volto todo ano”, garantiu Maria Luiza.
Inspiração curitibana, preocupação nacional
Enquanto a Enamorados exaltou a história e a formação étnica de Curitiba, com referências aos 60 anos do Mercado Municipal, aos povos originários até as influências dos europeus, a Acadêmicos da Realeza homenageou a atriz Lala Schneider. Falecida há quase 13 anos, ela é considerada a dama do teatro paranaense.
Pela primeira vez pisando na avenida, a atriz Regina Vogue esteve no carro alegórico dos artistas, representando Lala. “Foi um momento inesquecível. É uma responsabilidade muito grande representar essa pessoa glorificada, que merece todo esse carinho e lembrança”, comentou a atriz.
A ala das passistas da Enamorados se destacou pela quantidade de crianças participando. Com a mãe também desfilando e o padrasto na bateria, Ketlin dos Santos, esteve ao lado da irmã de 8 anos, e reforçou a importância de manter a tradição da família.
“Já sou passista há 5 anos, mas desde pequenininha o samba está no meu pé. O samba já vem na minha família e vai até morrer, dá para ver pela minha irmã como criança se anima e levanta a arquibancada também”, afirmou.
Reportagem: Pedro Lima.
Com informações da Fundação Cultural de Curitiba.
Imagem: Cido Marques.
Comentar