Indagado sobre a postura de Jair Bolsonaro diante da crise causada pela pandemia do coronavírus em entrevista a Leandro Colon e Fábio Fabrini, da Folha de S.Paulo, o ministro da Justiça, Sergio Moro, se irritou e ameaçou deixar a sala.
“As perguntas são sobre as medidas que nós estamos tomando ou vamos tomar ou é outro assunto?”, disse Moro. Diante da insistência dos jornalistas, o ex-juiz da Lava Jato, afirmou “vou encerrar a entrevista” e caminhou rumo à porta do próprio escritório, segundo narrativa na edição desta sexta-feira (20) do jornal.
Os repórteres explicaram para a Moro que episódios envolvendo Bolsonaro, como a participação do presidente nos atos do dia 15 de março, fazem parte da crise, mas Moro insistiu que só falaria das medidas do ministério da Justiça diante da pandemia.
“O combinado é o combinado. Falei que ia falar sobre as medidas. É a quarta pergunta sobre o negócio do presidente. Eu não vou falar sobre isso agora. Mais uma pergunta sobre isso e eu encerro aqui. [Moro volta para a mesa e se senta]”, relatam os jornalistas, que cedem ao ministro.
“Tá bom, mas a gente não tem como não perguntar”, diz um dos repórteres da Folha. “Foi combinado que não seria feita pergunta nessa linha. É sobre coronavírus”, ressaltou Moro.
Na entrevista, o ministro repetiu as medidas já anunciadas e afirmou ser contra a soltura de presos durante a pandemia.
“Grande parte dos grandes traficantes foram condenados só por tráfico. E vamos soltar todos os traficantes do país? Não faz sentido. Não podemos parar a segurança pública e a administração por uma epidemia que ainda não chegou nos presídios”, disse, ressaltando que ainda não há casos confirmados da Covid-19 no sistema prisional.
Revista Fórum.
Imagem: Isaac Amorim.
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