O ministro da Saúde, Nelson Teich, defendeu, nesta quinta-feira (7), não transformar em discussão política a questão do isolamento social no combate à Covid-19 no Brasil. Segundo o ministro, as medidas de isolamento – das mais brandas até o confinamento total (lockdown) – deverão ser adotadas conforme a situação específica dos estados e municípios. Ele afirmou que “não dá para trabalhar como se o lockdown fosse a essência de tudo”.
“A gente não pode transformar isso em uma discussão política. Essa é uma discussão técnica”, afirmou Teich, em reunião virtual da comissão externa da Câmara dos Deputados destinada a propor ações de combate ao coronavírus. A decisão, disse ainda, deve ser tomada por estados e municípios com base nas variáveis. “Você vai avaliar pessoas que estão infectadas, casos novos, leitos ocupados. Não existe uma medida geral, existe medida para cada local.”
Durante a audiência, que durou cerca de quatro horas, alguns deputados questionaram o ministro sobre o isolamento. “Qual é a sua opinião sobre o isolamento social? O senhor acha que alguns estados devem ir para o lockdown e como o senhor pretende anunciar isso?”, havia perguntado a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
A deputada também criticou o governo de Jair Bolsonaro, cujas mensagens considera “frias, debochadas e anticientíficas”. Outros parlamentares também reclamaram da postura contrária de Bolsonaro ao isolamento.
Apesar das críticas, Nelson Teich respondeu que o compromisso dele, à frente do Ministério da Saúde, é salvar vidas. Até agora, mais de 8,6 mil pessoas já morreram no País em decorrência da Covid-19.
Nelson Teich também se disse defensor do Sistema Único de Saúde (SUS), em resposta ao deputado e ministro da Saúde no governo de Dilma Rousseff Alexandre Padilha (PT-SP), para quem o SUS deve ser fortalecido. “O SUS é prioridade absoluta. A razão de eu estar aqui hoje é para fortalecer o SUS. Se eu puder deixar um legado, é um SUS melhor”, garantiu o ministro.
Militares
À crítica de que o ministério está com muitos militares à frente de funções importantes, Teich respondeu que se trata de “um tempo de guerra”, e os militares trazem planejamento estratégico.
“Essas pessoas funcionam como um time, mas não são definitivas. Conforme isso for retornando para uma situação normal, elas vão retornar para seus lugares e pessoas civis vão ser recolocadas. Mas esse é um tempo de guerra”, enfatizou. Ele também disse que a liderança é dele, embora haja militares.
Ações
Entre as ações realizadas no combate e na prevenção da Covid-19 até agora, Nelson Teich destacou a antecipação da vacinação contra a gripe, com 65 milhões de doses já distribuídas; a ampliação no número de testes distribuídos, com a previsão total de 46 milhões até setembro; a entrega de 487 respiradores artificiais e a pretensão de produzir nacionalmente 14,1 mil até julho, uma vez que existe dificuldade em importar; e a intenção de negociar precocemente com um possível produtor de vacina contra o coronavírus.
Além disso, ele mencionou a habilitação de 3.236 leitos de UTI, a distribuição de 82,6 milhões de equipamentos de proteção individual para profissionais da saúde, o cadastro de mais de 900 mil profissionais da área de saúde e de 100 mil estudantes, o repasse de R$ 5,2 bilhões de reais pelo governo federal para o combate da doença e o pagamento de emendas parlamentares.
O deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) disse esperar que o dinheiro seja corretamente investido. “O ministro está tocando o trabalho com seriedade e buscando fazer uma prestação de contas para que não tenhamos surpresas negativas lá adiante. Que todo esse recurso que está sendo encaminhado para estados e municípios seja bem aplicado”, defendeu o parlamentar.
Por outro lado, Nelson Teich reconheceu a dificuldade na entrega de materiais e equipamentos, reclamação feita por vários deputados, como Mariana Carvalho (PSDB-RO), que relatou a falta de equipamentos e testes rápidos em Rondônia. “É uma dificuldade natural do momento, de uma doença que sobrecarregou o sistema mundial”, afirmou o ministro.
Visita aos estados
O ministro também anunciou aos parlamentares a meta de visitar até dois estados por semana para verificar a situação local. Ficou decidido que, em cada visita, Teich será acompanhado por um deputado representante da comissão e que seja proveniente do estado a ser visitado, com destaque para aqueles que enfrentam a situação mais grave.
A reunião foi pontuada de pedidos de parlamentares relativos a seus estados. Coordenador da comissão externa, o deputado Dr. Luiz Antonio Teixeira (PP-RJ) afirmou que a situação do estado do Rio é uma das mais graves do País e pediu ao ministro para liberar os hospitais federais localizados no estado para o combate à pandemia. “Peço, quase imploro, para que a gente possa agir diferente neste momento, para que a gente possa reverter respiradores e leitos que já temos no estado. Diferente de outros estados, nós temos equipamentos públicos no nosso estado. Esses equipamentos têm que servir à população neste momento”, defendeu.
Já nesta sexta-feira (8), Nelson Teich visitará o Rio de Janeiro e, segundo ele, deverá abordar a questão dos hospitais federais.
Agência Câmara de Notícias.
Imagem: Maryanna Oliveira.
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