Senadores lamentaram nesta terça-feira (19), durante a sessão remota, o número de mais de mil mortes causadas pela covid-19 em um único dia, pela primeira vez, no Brasil. Eles cobraram união dos poderes da República na execução de ações que ajudem no combate à pandemia. Nas últimas 24 horas, foram registradas oficialmente as mortes de 1.179 pessoas vítimas da pandemia. Já são quase 18 mil mortes em todo o país e mais de 270 mil contaminados, de acordo com os registros oficiais. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, afirmou que o momento é de buscar medidas urgentes em favor do bem comum.

O líder da Minoria, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) criticou a atuação do presidente da República, Jair Bolsonaro, frente à crise e o responsabilizou pelas mortes ocorridas no país.

— Quero expressar a minha solidariedade às 1.179 famílias brasileiras, no dia de hoje, vítimas da pandemia. Ao passo em que o presidente da República fica tentando sabotar o isolamento social, não tem plano para retomarmos a economia e é responsável diretamente por cada uma dessas mortes, é necessário que nós aqui do Parlamento nos solidarizemos com a perda dessas famílias.

Também o líder do PT, senador Rogério Carvalho (SE), criticou o presidente, ao se solidarizar com as famílias das vítimas.

— Ultrapassamos a casa dos mil mortos no dia de hoje, nas últimas 24 horas, e isso é muito triste. Enquanto isso, o presidente discute a retomada do campeonato carioca de futebol — criticou.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) pediu ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que se torne o “timoneiro” do país neste momento de crise.

—  Que Vossa Excelência seja o nosso interlocutor, que diga ao presidente da República: ‘Nós queremos contribuir neste momento. Vamos acenar bandeiras brancas, vamos deixar de lado as diferenças partidárias. Quem coordena pandemia no Brasil é o governo federal, mas quem executa são os governos locais, estaduais’ — alertando que, se nada for feito, em um mês o país chegará à marca de 50 mil mortes.

O pedido ao presidente do Senado foi reforçado pela senadora Rose de Freitas (Podemos-ES), que, emocionada, pediu uma ação nacional que ajude a salvar vidas em todo o país. Ela lamentou que o presidente da República se coloque contra o isolamento social, único instrumento considerado capaz, pelos maiores especialistas no Brasil e no exterior, de proteger a população enquanto não se tem uma vacina ou um medicamento efetivo para o combate à covid-19.

— Temos de nos unir, temos de sentar, todos, governadores, prefeitos, cientistas. Temos de fazer alguma coisa que organize, ver onde o combate à pandemia deu certo, não dá para a gente só fazer discurso. Estamos deixando o tempo passar — alertou Rose.

“Reflexão profunda”

Davi Alcolumbre respondeu que o Congresso Nacional tem trabalhado para defender quem precisa e para proteger a vida das pessoas.

— É chegada a hora de uma reflexão profunda do governo federal, na figura do presidente, que precisa fazer uma reflexão diante do momento que estamos vivendo. Precisamos levantar uma bandeira branca e estender a mão, esses são os gestos que podem no futuro ser reconhecidos como de grandeza — declarou.

O presidente do Senado acrescentou que é preciso união para se buscar saídas urgentes para aliviar a dor das famílias brasileiras vítimas da pandemia.

— Porque homens e mulheres públicos precisam ter a consciência de que nossos interesses individuais e interesses partidários, nossas ideologias, têm de serem deixados de lado, para pensarmos no interesse comum ­— afirmou.

Davi afirmou ainda que é preciso se pensar no Brasil que queremos deixar para as próximas gerações.

— Ninguém poderia dizer que, no futuro, não fizemos o que deveríamos fazer. Estamos fazendo todos os dias, e aqueles que se furtaram de fazer também entrarão para a história.

“Deboche”

O senador Veneziano Vital do Rêgo (PSB-PB) endossou as críticas à postura de Bolsonaro, por fazer piadas de cunho político em uma live de redes sociais nesta terça-feira. Para Veneziano, o presidente teve um “gesto desumano”.

— Nos compadecemos, em solidariedade e em pesares, a mais outras 1.179 famílias que agora choram os seus mortos, e, ainda por cima, temos que assistir ao deboche do presidente, que tenta fazer mais um dos seus inaceitáveis gracejos.

Os senadores Eliziane Gama (Cidadania-MA), Luiz do Carmo (MDB-GO), Weverton (PDT-MA), Leila Barros (PSB-DF) e Alvaro Dias (Podemos-PR) também lamentaram o número de mortes e prestaram solidariedade às famílias das vítimas. Já os senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Fabiano Contarato (Rede-ES) se manifestaram, por meio das redes sociais, cobrando uma ação mais efetiva por parte do governo.

Alessandro Vieira classificou como “falta de seriedade e de competência” o presidente tratar do campeonato carioca de futebol no dia em que o país atingiu essa marca de mortes e lembrou que o Brasil ainda não atingiu o pico da doença. Contarato, por sua vez, afirmou que o país “segue sem governo, entregue à própria sorte”.

Agência Senado.

Imagem: Waldemir Barreto.

guazelli

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