O anúncio da saída de Abraham Weintraub do Ministério da Educação foi bem recebido por vários senadores nesta quinta-feira (18). Nas redes sociais, as manifestações foram de repúdio à gestão do ministro nos 14 meses em que ele ocupou o cargo.
“Caiu aquele que nunca deveria ter entrado. Já vai tarde, pior ministro da Educação da história do nosso país!”, comentou o senador Rogério Carvalho (PT-SE).
Senadores da oposição também fizeram declarações em relação ao pedido de demissão.
“Weintraub deixa o governo e entra para a história como pior ministro da Educação. Me pergunto o que Weintraub quer dizer com ‘passar o bastão’. O bastão de quebra de direitos? Pois foi só isso que ele fez durante todo seu período como ministro, uma vergonha”, disse Paulo Rocha (PT-PA).
Para Humberto Costa (PT-PE), o ministro não contribuiu em nada para o país em uma das pastas mais importantes do governo. “Tentou aprofundar as desigualdades e criou crises internacionais. Foi o pior ministro da Educação que o país já teve.”
O senador ainda comentou a possível indicação de Weintraub para o Banco Mundial: “Deve continuar fazendo suas tolices lá. Uma pena. Agora, Bolsonaro deve dar mais um ministério para o Centrão tentando evitar o impeachment. Vergonha”, completou Costa.
Jaques Wagner (PT-BA) também falou sobre o destino do ministro: “Espero que o Banco Mundial não se preste ao papel de se tornar depósito de acusados por atos de racismo, preconceitos e autoritarismo”.
Já na avaliação de Jean Paul Prates (PT-RN), a demissão do ministro é uma manobra do presidente Jair Bolsonaro para desviar a atenção.
“Mais uma vez, Bolsonaro cria um um fato para abafar outro que quer esconder. O governo anuncia a saída do ministro da Educação, Abraham Weintraub. Grande dia! Mas a demissão funciona como cortina de fumaça para diminuir o impacto da notícia da prisão do Queiroz — amigo da família”, opinou.
No entendimento do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), no entanto, Weintraub “entendeu a complexidade do momento” e fez um gesto de “muita lucidez” para ajudar o governo.
— Entregou o cargo para que o presidente Jair Bolsonaro ficasse à vontade na escolha de um novo nome que possa recolocar o ministério em uma situação de mais tranquilidade, de mais compreensão por parte da sociedade brasileira. Agora, é importante que se entenda: alguns que estão procurando pressionar o governo de todas as formas, não vão lograr êxito — afirmou.
Novo nome
Outros senadores alertaram para a necessidade de que o novo nome da Educação — ainda não definido pelo governo — reúna melhores requisitos para o cargo.
“Após inúmeros equívocos à frente do Ministério da Educação, a saída de Weintraub exige que, desta vez, o governo tenha um mínimo de sensatez e coloque no cargo um ministro à altura que a pasta requer e que os brasileiros exigem”, destacou Veneziano Vital do Rêgo (PSB-PB).
Foram criticadas ainda as decisões de Weintraub à frente do ministério, que seriam baseadas apenas em ideologia.
“Educação é essencial a uma sociedade democrática e próspera. O Brasil merece um ministro com a experiência e o conhecimento à altura dos desafios que o país enfrenta na área. Livre de ideologias nefastas. Não há futuro sem educação inclusiva e de qualidade!”, declarou Fernando Collor (Pros- AL).
O senador Weverton (PDT-MA), para quem a demissão de Weintraub é “muito bem-vinda”, disse esperar por outros critérios de escolha do substituto.
“Que seja a capacidade de apresentar resultados e reconstruir o ministério, destruído por muita ideologia e nenhum trabalho”, ressaltou.
Último ato
A revogação, nesta quinta-feira, da política de cotas para negros, indígenas e pessoas com deficiência em cursos de pós-graduação, foi o último ato de Weintraub como ministro da Educação.
Projetos para sustar a portaria foram apresentados pelo líder da Rede, senador Randolfe Rodrigues (AP), pela líder do Cidadania, senadora Eliziane Gama (MA), com a bancada do partido, e pelo líder do PT, senador Rogério Carvalho (PT-SE), com a bancada do partido e com a senadora Zenaide Maia (Pros-RN).
— É uma medida infame, que ofende a particularidade dos direitos dos povos indígenas. Ofende uma conquista histórica da luta do movimento negro brasileiro. E ofende a evolução civilizatória de conquistas como essas, das políticas de cotas — disse o senador Randolfe Rodrigue durante sessão deliberativa remota do Senado.
Eliziane Gama (Cidadania-MA) afirmou que Weintraub jamais poderia ter sido ministro da Educação, pois “não tinha compostura nem capacidade técnica para ocupar tão importante pasta”. A senadora ressaltou, ainda, a importância das políticas afirmativas.
— Políticas que já são constitucionalmente asseguradas pelo Supremo Tribunal Federal. Nós tivemos um aumento em mais da metade da presença de negros, por exemplo, nos cursos de pós-graduação. Nós subimos, a partir das várias portarias que foram apresentadas, de 48,5 mil para 112 mil participações. Então, nós vamos trazer um resultado muito ruim para o Brasil [com a portaria do MEC]. [A política de cotas] é uma ação de reparo do poder público com os negros, com os deficientes e com os índios que, infelizmente, não têm acesso às universidades como deveriam ter — destacou.
Agência Senado.
Imagem: Geraldo Magela.
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