O secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Alexandre Alves, rechaçou ontem (30) as acusações de inércia do Executivo federal no combate aos incêndios no Pantanal.
“Não há uma inércia, nem do Poder Público local; nós já liberamos recursos para Poconé [MT], por exemplo, logo no início, de R$ 1 milhão”, disse Alves ao participar de audiência pública da comissão externa do Senado que acompanha as ações contra o alastramento do fogo.
Segundo ele, os recursos foram empregados no aluguel de aviões e helicópteros; na contratação de brigadistas; nos aluguéis de veículos e na compra de equipamentos para o Corpo de Bombeiros como mangueiras e bombas.
Alves garantiu que não haverá falta de recursos. “Quando eu digo que há recursos, que não faltarão recursos, refiro-me aos que estão relacionados à resposta ao desastre, é dentro da rubrica da ação orçamentária de Defesa Civil. Para as ações de resposta, nós temos recursos este ano – frisei este ano, porque a LOA [lei orçamentária] do ano que vem está nos deixando preocupados –, nós temos recursos para a resposta”, afirmou.
Somente este ano, o fogo já consumiu 2,916 milhões de hectares do bioma, sendo 1,742 milhão de hectares na área de Mato Grosso e 1,165 milhão de hectares no Pantanal sul-mato-grossense.
Pesquisa
Para a Defesa Civil, a excepcionalidade da seca deste ano na região e a situação dos próximos cinco anos serão um desafio. Com os cortes sucessivos de recursos para os órgãos ambientais, o investimento em ciência e tecnologia que chegou a R$ 14 bilhões, em 2015, caiu para R$ 5 bilhões.
Ao ressaltar que investimentos em pesquisa são essenciais para dizer ao Poder Público o que precisa ser feito, o secretário nacional de Defesa Civil sugeriu esses R$ 5 bilhões sejam integralmente utilizados para as pesquisas relacionadas a esse tipo de ação.
“Seria, talvez, uma sugestão aí para vencermos essa redução de pesquisa e, logicamente, lutando sempre para que a pesquisa tenha todos os recursos necessários”, avaliou.
Disponibilidade
O secretário de Defesa Civil afirmou ainda que o combate ao fogo vai além de recursos financeiros que, isoladamente, não resolvem o problema das queimadas. “Nós não temos helicópteros para locação disponíveis, porque, como já foi dito aqui, os helicópteros para combate ao fogo têm que ter proteção na descarga e nos seus equipamentos com relação à fuligem”, explicou.
Segundo o secretário, o problema com relação às aeronaves é a falta de disponibilidade no mercado, e não de recursos. O mesmo acontece com brigadistas: há dinheiro para contratação, mas não há pessoal treinado.
“Todos os recursos necessários para a contratação de brigadistas foram disponibilizados e, como também já foi muito bem falado aqui pelos especialistas, não é qualquer pessoa que pode ser brigadista, ela tem de ser treinada”, concluiu.
Ibama
Na mesma audiência pública, o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Eduardo Bim, disse que o órgão trabalha no seu limite de capacidade orçamentária e que fez o remanejamento de servidores do PrevFogo para a região do Pantanal.
“Embora eu tenha mandado brigadistas do país inteiro para o Pantanal, eu não posso tirar todos, porque eu tenho as demandas locais também, há deficiências em outros lugares do país, em outros biomas também ameaçados. A gente agradece a logística que foi dada e o suporte, porque sem esse suporte social e local, envolvendo a política local, envolvendo os prefeitos e os parlamentares locais, a gente não teria conseguido mandar tanta gente e obviamente manter esse pessoal lá também”, disse.
Segundo ele, o Ministério do Meio Ambiente conta com 1.485 brigadistas contratados.
“A gente mandou para o Mato Grosso do Sul 46 brigadistas para dar apoio, vindos da Bahia, do Piauí e de Pernambuco, que estão no Mato Grosso do Sul, com 17 viaturas e um helicóptero. Já no Mato Grosso, a gente mandou 103 brigadistas para dar apoio. Tiramos de vários estados, desde a Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro e Rondônia”. disse.
O grupo trabalha com 25 viaturas, três helicópteros e quatro Air-Tractors, aviões que jogam água e facilitam o trabalho de combate ao fogo.
Pandemia
Ainda na avaliação de Eduardo Bim, a pandemia trouxe um revés e atrasou o treinamento preventivo feito todos os anos.
O PrevFogo é um programa que também atua de forma preventiva, fazendo um trabalho educacional, ao longo de todo o ano, com o objetivo de evitar que incêndios criminosos e acidentais ocorram.
“As mudanças climáticas, essa questão de nível pluviométrico baixo, no Pantanal, tornaram um cenário que, normalmente, não é fácil num pesadelo logístico”, afirmou, acrescentando que peritos e investigadores foram enviados à região para rastrear a origem do fogo e saber o que foi criminoso e o que foi acidental.
Agência Brasil.
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