Vários senadores reagiram às declarações do presidente da República, Jair Bolsonaro, durante cerimônia no Palácio do Planalto na terça-feira (10). Pelas redes sociais, os parlamentares criticaram afirmações como a que o Brasil tem que deixar de ser um “país de maricas” e que é preciso enfrentar a pandemia de coronavírus de “peito aberto”. O presidente ainda acrescentou: “Olha que prato cheio para a imprensa, prato cheio para a urubuzada que está ali atrás.”

Fabiano Contarato (Rede-ES) condenou as palavras de Bolsonaro.

“Lamentável a obsessão do presidente em minimizar 162 mil mortes de brasileiros na pandemia, agredir homossexuais e atacar a imprensa. Nosso repúdio a esse comportamento medieval, que nega avanços civilizatórios, desrespeita a vida e causa estragos ao país”, disse.

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) também criticou as declarações do presidente.

“Jair Bolsonaro acha que o Brasil tem que deixar de ser um país de maricas? Errado. O Brasil precisa é deixar de ser um país de inocentes que confiam em qualquer boçal que se apresenta como mito. São mais de 160 mil famílias de luto, honre sua faixa, seja adulto e mostre respeito!”, pediu o senador.

Kátia Abreu (PP-TO) retuitou críticas a Bolsonaro feitas por Vanda Célia, uma brasileira que há quase um mês perdeu o marido, Alberto Coura, “que enfrentou a doença com valentia durante 84 dias na UTI. Desde então, sofro que nem cachorro e luto para ver se também não morro”, disse a viúva, que completou o post com um palavrão contra o termo “maricas” usado pelo presidente.

“Valentes e maricas. Merecido! [O presidente Bolsonaro] Pediu, na verdade”, disse a senadora.

Já Paulo Rocha (PT-PA) postou uma charge na sua conta na internet que faz referência ao curto período, equivalente a menos de um dia, em que o presidente teria passado sem cometer crime de homofobia, desrespeitar as vítimas da covid-19, comemorar a morte de alguém ou colocar vidas em perigo.

“Os recordes do governo”, apontou o senador.

Pólvora

Senadores também se manifestaram sobre outra declaração de Bolsonaro ao se referir indiretamente e sem citar nome ao presidente eleito dos Estados Unidos,  Joe Biden, que já sinalizou a possibilidade de adotar sanções econômicas ao Brasil por causa dos incêndios na Amazônia.

“E como é que podemos fazer frente a tudo isso? Apenas a diplomacia não dá. Quando acaba a saliva, tem que ter pólvora”, comentou o presidente.

Humberto Costa (PT-PE) lamentou a repercussão negativa causada pela declaração de Bolsonaro sobre os Estados Unidos, que teria feito os militares da ativa avaliarem que o Brasil virou motivo de piadas.

“Esse é o tipo de notícia que você lê sobre esse desgoverno. Até quando? Enquanto Bolsonaro desrespeita os brasileiros e atua firmemente ao lado do vírus, o desemprego aumenta e as UTIs continuam recebendo pacientes graves infectados pela Covid-19. Em qual momento Bolsonaro vai resolver trabalhar?”, questionou.

Randolfe Rodrigues (Rede-AP) foi outro parlamentar a censurar a fala do presidente.

“Enquanto isso, o Amapá e os 800 mil brasileiros que aqui vivem sofrem pelo oitavo dia consecutivo um apagão de energia, de água, de ausência de condições dignas de vida; o país agradeceria se o presidente Jair Bolsonaro passasse pelo menos um dia governando”, registrou o senador pela internet.

Para o líder do PT, Rogério Carvalho (SE), as declarações polêmicas são uma “cortina de fumaça”, uma forma de o presidente desviar a atenção das pessoas sobre os problemas do governo.

“O ilusionismo de horrores do Bolsonaro promove uma avalanche de notícias para distrair e esconder a verdade do fracasso econômico do governo, das 162 mil mortes, dos crimes da família do presidente, da crise que estamos vivendo. Chega de espetáculos baratos!”.

Agência Senado.

Imagem: Márcio James.

guazelli

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