A professora Ana Lúcia Martins (PT) fez história no último domingo (15): foi eleita a primeira vereadora negra da câmara municipal de Joinville (SC). A petista mal teve tempo de comemorar a conquista, no entanto, e já passou a ser alvo de ataques racistas.
Ana Lúcia usou suas redes sociais para denunciar os ataques nesta quarta-feira (18) e informou que, desde a noite de domingo, logo após a apuração, já teve suas redes sociais invadidas – problema que foi contornado por sua equipe. Depois, teria sido alvo de uma reação “violenta” de um radialista da cidade e, mais recentemente, nesta terça-feira (17), passou a ser alvo de ameaças de morte feitas por um perfil fake que se diz ligado a uma “juventude hitlerista” de Santa Catarina.
“Sabia que não seria fácil. Estava ciente que enfrentaria uma certa resistência em uma cidade que elegeu apenas na segunda década do século XXI a primeira mulher negra. Só não esperava ataques tão violentos”, disse a vereadora eleita.
Entre as ameaças recebidas pela petista, estão mensagens como “agora só falta a gente matar ela e entrar o suplente que é branco” e “os fascistas mandaram avisar que ela que se cuide”.
Marcio Cruz, do Instituto de Direitos Humanos, Econômicos e Sociais – IDHES – Coletivo Joinville, pediu mobilização da população contra as ameaças à vereadora eleita. “Já esperávamos por reações negativas após o resultados das eleições, mas não esperávamos uma reação violenta e desproporcional, como uma ameaça de morte. Lembramos do que aconteceu com Marielle Franco e não vamos deixar que isso se repita nunca mais. Esse sujeito do print diz estar organizado com uma Juventude Hitlerista. Precisamos dar a resposta nas redes e nas ruas, precisamos cobrar justiça e investigações sobre esse caso. Precisamos exigir uma mega operação contra grupos neonazistas da cidade e do estado”, afirmou em um comunicado que circula pelas redes sociais.
Ana Lúcia Martins já registrou boletim de ocorrência e o caso está sendo investigado pela Polícia Civil. “Não vão nos calar. Não vamos recuar. Seguimos firmes, com coragem e disposição para defender os direitos da população negra, das mulheres, da juventude, da população periférica, Imigrantes e refugiados e da classe trabalhadora”, declarou a professora.
Em nota, o presidente do PT de Santa Catarina, Décio Lima, prestou solidariedade à vereadora eleita, repudiou as ameaças e cobrou providências das autoridades. “Infelizmente, os autores desses ataques estão dispostos a promover uma onda de violência e ódio, com o intuito de desestabilizar a vereadora e o partido na cidade. Esses fatos demonstram que a intolerância, a discriminação e o preconceito precisam ser repudiados e combatidos em nossa sociedade”, diz um trecho do texto. Confira a íntegra aqui.
Reportagem de Ivan Longo, da Revista Fórum.
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