Depois do fim do compromisso do MDB de apoiar oficialmente sua candidatura à Presidência do Senado, Simone Tebet (MDB-MS) anunciou nesta quinta-feira (28), em entrevista coletiva no Congresso, que seguirá como candidata independente. Ela reiterou seu compromisso de defender um Senado independente, e criticou negociações de seu partido a favor do candidato apoiado pelo governo, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
— Respeito os senadores do MDB e entendo o posicionamento deles, da mesma forma que acredito que eles entendam agora o meu gesto de não poder recuar. Não sou candidata de mim mesmo; sou candidata de uma convicção minha, de princípios éticos. Na minha vida, tenho como premissa que princípios não têm curva, apenas uma reta — declarou.
Apesar de ter sido reiteradamente indicada pelos líderes do MDB como candidata oficial do partido “sem nenhuma condicionante”, Simone foi informada pelo líder do MDB no Senado, Eduardo Braga, que estaria liberada desse compromisso em face das negociações em curso entre o MDB e o atual presidente da Casa, Davi Alcolumbre, em torno da distribuição de cargos na próxima sessão legislativa. A senadora ressaltou que manterá apoios dentro do partido, considerando que a decisão de voto envolve “convicções pessoais e interesses regionais e nacionais”.
— Eduardo Braga esteve comigo até o último minuto tentando construir a nossa candidatura dentro do partido e já declarou que, como senador, individualmente, me dará seu voto em 1º de fevereiro [data da eleição]— afirmou, acrescentando que já recebeu declarações de apoio do Podemos e do Cidadania.
Candidatura
Simone Tebet prometeu que, eleita presidente do Senado, manterá uma política de diálogo e de ouvir a voz das ruas, dando prioridade ao cronograma de imunização contra a covid-19 e a restauração de um auxílio emergencial “dentro dos limites da responsabilidade fiscal”. Ela também espera conduzir uma reforma tributária que conduza ao aumento da justiça social.
— A nossa candidatura é muito objetiva. Não é contra quem quer que seja; não é de oposição nem de situação; é uma candidatura de independência do Senado, uma independência harmônica a favor do Brasil — resumiu.
— Nos momentos mais difíceis da história do país, foi o Senado Federal que achou as saídas para as graves crises que o Brasil atravessava. Não é possível sairmos da crise, não é possível darmos uma saída saudável e correta para os problemas da população brasileira se não tivermos absoluta independência para recebermos todos os projetos do governo federal, mas para que tenhamos a independência para analisarmos, aprovarmos ou rejeitarmos conforme as convicções de cada senador.
Simone também lembrou que pela primeira vez uma mulher é candidata à Presidência do Senado brasileiro. Em 2019 a senadora retirara sua candidatura “sem querer nada em troca” para apoiar Davi Alcolumbre, que tinha defendido a independência do Senado — independência que, em sua opinião, encontra-se comprometida diante das negociações em curso a favor do candidato governista e buscam transformar o Senado em “apêndice do Executivo”.
Movimento negro
Ao anunciar sua candidatura independente, Simone Tebet recebeu documento do Movimento Negro Partidário (MNP) — formado por representantes do MDB, PSB, Cidadania, PSDB, PSB e PCdoB — em apoio a seu nome para a Presidência do Senado contra a “política das trocas que mantém o Brasil no atraso”. Simone agradeceu ao movimento, ressaltando a dívida da sociedade com o povo negro.
— A maior mancha do povo brasileiro é o racismo estrutural, que impede que homens e mulheres de bem, independente de sua cor, tenham a mesma oportunidade — ressaltou.
Simone Também manifestou apoio ao empoderamento feminino e defendeu a decisão do Supremo Tribunal Federal que determinou a distribuição proporcional de recursos do fundo partidário entre candidatos negros e brancos.
Agência Senado.
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