Nesta quarta-feira (24) o Brasil chegou a 300 mil mortes confirmadas por covid-19 desde o início da pandemia. Nas redes sociais, senadores lamentaram o fato e muitos deles atribuíram o número — o segundo maior do mundo — à inação do governo federal no enfrentamento à doença.

Líder da oposição, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) cobrou uma apuração judicial da condução do presidente da República, Jair Bolsonaro, durante a pandemia. Ele também destacou que o Ministério da Saúde estabeleceu nesta quarta-feira (24) uma mudança na forma de contagem das mortes, o que reduz o número oficial de vítimas da covid-19.

“Mudar a forma de contagem não altera o número de mortes, não consola as famílias, não evita que mais milhares morram. A vacina, que o governo tanto negou, é que evita mais mortes. A história cobrará, mas a justiça deve cobrar agora”, escreveu Randolfe.

O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), lamentou a marca “terrível e triste” e reforçou a urgência de trazer vacinas para o Brasil.

“É um momento da vida nacional em que a dor individual é coletiva. Precisamos trabalhar em um grande pacto nacional para garantir vacina para todos. O Parlamento brasileiro fez e continuará fazendo a sua parte”, afirmou Alcolumbre.

Aglomerações e fake news

A senadora Zenaide Maia (Pros-RN) enumerou atitudes do governo federal que, segundo ela, contribuíram para o alto número de vidas perdidas. Entre elas estão a promoção de aglomerações por Jair Bolsonaro e a negação da gravidade da doença.

“300 mil vidas perdidas, não só pelo vírus, mas pela atuação do presidente que, intencionalmente, espalhou fake news sobre efeitos da vacina, desestimulou o uso de máscaras, fez propaganda de medicamentos ineficazes, foi à justiça contra medidas restritivas de circulação, chamou de ‘mimimi’ a dor das famílias enlutadas”, apontou Zenaide.

O senador Humberto Costa (PT-PE) acusou Bolsonaro de mentir com a nova metodologia de contagem de mortes e disse que o presidente tenta disfarçar a crise.

“Omissão, descaso, negacionismo, irresponsabilidade. Diante do recorde de mortes, o governo Bolsonaro adota como medida esconder os dados. O combate à Covid pelo governo se dá assim: mentindo sobre o número de vítimas. Ridículo!”, protestou.

Já o senador Cid Gomes (PDT-CE) pediu o afastamento de Bolsonaro da condução dos assuntos referentes à pandemia. Para ele, o Congresso deve substituir o presidente nesse papel de liderança.

“Bolsonaro é o grande culpado por esta tragédia. Dele, não se espera mais nada. A sociedade brasileira deve tomar para si o combate ao coronavírus. Precisamos reunir as forças políticas, empresariais, religiosas e tantas outras para criarmos um projeto nacional de enfrentamento à pandemia.  Que deve ser liderado pelo Congresso, pois é ele o depositário do voto popular”, escreveu.

Comitê nacional

Ainda nesta quarta foi criado um um comitê nacional para definir ações de enfrentamento à pandemia de covid-19, que reunirá o governo federal, o Senado, a Câmara dos Deputados, governadores e prefeitos. Nas redes sociais, os parlamentares também falaram sobre o fato, destacando que a medida pode representar união e organização no combate à pandemia, que a medida pode representar.

O senador Dário Berger (MDB-SC) ponderou que o estabelecimento de uma coordenação nacional para atravessar a crise chega com atraso, mas, mesmo assim, é uma “excelente notícia”.

“Com ações integradas, sem politização, união e foco na vacinação é que venceremos essa guerra”, escreveu ele.

O senador Jorginho Mello (PL-SC) disse que acompanhou “com otimismo” a reunião no Palácio da Alvorada, nesta quarta, que anunciou a criação do comitê, e elogiou a presença dos três poderes no encontro.

“Temos que remar para o mesmo lado para que o Brasil avance na vacinação e não falte remédio, insumos e leitos”.

Já o senador Rogério Carvalho (PT-SE) expressou ceticismo com a postura do governo federal, mas salientou que o papel do comitê será importante.

“É urgente para o Brasil que haja efetividade nas ações desta comissão de trabalho entre os poderes para impedir que mais vidas sejam perdidas”.

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) também criticou a demora em se estabelecer um núcleo integrado de ações, e mencionou que o Brasil ultrapassou a marca das 300 mil mortes por covid-19. Para ela, Bolsonaro precisa indicar uma mudança de rumo.

“Mesmo tarde, [Bolsonaro] começa a entender que só com a cooperação de todos a crise será contida. Chega de politizar essa doença! Precisamos de racionalidade”

Alguns dos senadores que comentaram a reunião afirmaram que ela teve o propósito de ser uma mera distração. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) classificou o comitê como um “embuste”.

“Só uma estratégia para dividir desgastes. Aceleração da vacinação, mais leitos de UTI e insumos? Nada, só enrolação”.

Líder da minoria, o senador Jean Paul Prates (PT-RN) também manifestou descrença, avaliando que o maior problema do país para enfrentar a crise é próprio presidente Jair Bolsonaro e suas atitudes “negacionistas”.

”Qualquer pacto contra a covid que não contemple uma profunda mudança de postura do presidente e até do governo será apenas um pacto para salvar Bolsonaro, nunca um plano para salvar a população. É preciso que ele faça uma autocrítica pública de seu boicote às medidas sanitárias e da negligência com a compra de vacinas, medicamentos e insumos” — declarou Jean Paul Prates.

Agência Senado.

Imagem: Alex Pazuello.

guazelli

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