Nesta quinta-feira (1º), aos 93 anos de idade, Dona Lourdes faleceu, após ser internada, no início da semana, em decorrência de um acidente vascular cerebral (AVC). Era viúva, mãe de duas filhas e avó de cinco netos. Com a família, no ano passado, em meio à pandemia, decidiu não se candidatar novamente ao cargo, mesmo após quatro vitórias consecutivas nas urnas. Na legislatura passada, quando tinha 89 anos, foi a vereadora mais idosa em atividade no Brasil. E o único privilégio que tinha era, no inverno curitibano, ter um aquecedor só dela, na bancada, para protegê-la do frio.

Dona Lourdes não faltava, não se atrasava e fazia questão de votar nos projetos e se erguer da cadeira, ainda que com dificuldade, na apreciação dos requerimentos dos colegas vereadores. Com ela em plenário, ninguém tinha desculpa para se distrair, pois a parlamentar, ainda que falasse pouco na tribuna, exercia sua liderança pelo exemplo. No fim de 2020, após sobreviver ao primeiro ano da pandemia do novo coronavírus, foi homenageada pela Câmara Municipal de Curitiba, quando se despediu do Legislativo.

Presença na CMC
Dona Lourdes foi a 7ª mulher a ocupar um cargo na Mesa Diretora da Câmara de Curitiba, quando, na 16ª legislatura, referente ao biênio 2015/2016, foi a quarta-secretária do Legislativo. Na legislatura seguinte, ajudou a bancada feminina a bater o recorde de representação política das mulheres na CMC, com oito eleitas nas urnas – uma marca ainda a ser batida pelas futuras gerações. Por tudo isso, figura na galeria das vereadoras de Curitiba, destinada à preservação da memória dessas pioneiras da luta contra a desigualdade de gênero na capital do Paraná.

Dos 40 projetos individualmente protocolados pela parlamentar, 34 se tornaram leis municipais. Ela é coautora da lei municipal 15.129/2017, que regulamenta a concessão de espaços públicos para a instalação de circos itinerantes em Curitiba, aprovada em novembro de 2017. Também assina a lei municipal 15.251/2018, que instituiu na cidade a Semana de Conscientização sobre a Fibromialgia. Em parceria com o ex-vereador Colpani, aprovou a lei municipal 14.950/2016, que aumentou a multa aos proprietários de terrenos malconservados, edificados ou não, que não atendam à notificação da Prefeitura de Curitiba.

Ao longo dos quatro mandatos, Dona Lourdes apresentou mais de 2,6 mil requerimentos, como o que solicitou à Prefeitura de Curitiba a implantação de uma academia ao ar livre na rua Raimundo Nina Rodrigues, no Cajuru (044.16692.2020); ou o que pediu a implantação de manilhamento para captação de águas pluviais na rua Cel. Pretextato Taborda Ribas, no bairro Santa Quitéria (044.00557.2006).

No ano passado, já em meio à crise ocasionada pela pandemia da Covid-19, Dona Lourdes manifestou preocupação com a segurança alimentar dos artistas dos circos itinerantes. Na indicação ao Executivo, ela sugeriu que as companhias circenses há pelo menos 30 dias na capital pudessem ter acesso ao programa Armazém da Família, onde os produtos são mais baratos (203.00114.2020).

Mais recentemente, foi autora de 13 emendas parlamentares à Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2021, 7 delas apresentadas individualmente. Ela aportou a maior parte dos recursos à Fundação Cultural de Curitiba (FCC), ao Pequeno Cotolengo do Paraná, à Santa Casa de Misericórdia e à Entidade Fundação Ecumênica de Proteção ao Excepcional.

Reconhecimento público
Os parlamentares da atual legislatura protocolaram, no dia 25 de janeiro deste ano, projeto de lei para conceder a Cidadania Honorária de Curitiba a Dona Lourdes. A proposição foi assinada por 26 dos 38 vereadores, por iniciativa de Mauro Ignácio (DEM), e será votada nesta segunda-feira, dia 5, postumamente (006.00002.2021).

ASCOM – CMC.

guazelli

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