A “denúncia” de que a campanha de Jair Bolsonaro (PL) estaria sendo boicotada por emissoras de rádio sofreu mais um revés na tarde desta quarta-feira (26). A Rádio JM FM, de Uberaba (MG), citada em uma suposta “autodenúncia” de que teria deixado de veicular inserções da candidatura entre os dias 7 e 10 de outubro, afirmou em nota enviada ao Brasil de Fato que a falha foi do próprio partido do candidato.

Segundo a nota, no primeiro turno a rádio estava recebendo, “diretamente dos partidos e coligações”, os mapas de mídia e materiais para veiculação na programação diária. Porém, quando teve início a propaganda dos candidatos para o segundo turno, as inserções “de uma das campanhas” deixaram de ser enviadas.

A situação foi detectada, segundo a emissora, no dia 10. Na mesma data, a Justiça Eleitoral teria sido procurada por telefone para orientações. Além disso, o PL também teria sido acionado para que o material voltasse a ser encaminhado por e-mail – providência que teria sido adotada pelo partido a partir de então.

A situação ganhou contornos de denúncia nesta semana, depois que o ministro das comunicações, Fábio Faria, e o o secretário-executivo da pasta, Fábio Wajngarten, foram à imprensa para denunciar suposto favorecimento à campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por parte de emissoras de rádio, especialmente na região Nordeste.

Nesta quarta-feira, o servidor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Alexandre Gomes Machado procurou a Polícia Federal (PF) para denunciar que teria sido exonerado após repassar a superiores uma denúncia que recebeu vinda da rádio mineira (que ele identificou inicialmente como JM Online). Por e-mail, a emissora teria informado que deixou de veicular 100 inserções da campanha bolsonarista.

“Faltando uma semana para o término das eleições, e diante da ausência de orientação da Justiça Eleitoral sobre eventual necessidade de reposição das inserções não veiculadas, a emissora houve por bem formalizar a consulta ao egrégio Tribunal Superior Eleitoral, reiterando por escrito o PEDIDO DE ORIENTAÇÃO sobre como deveria proceder, se repondo as inserções que faltaram e de que forma. No entanto, até a presente data  a emissora não obteve a resposta que busca desde o dia 10 de outubro, infelizmente”, diz o texto enviado pela rádio ao Brasil de Fato.

“Lamentamos que o assunto tenha motivado um debate político acirrado e absolutamente desproporcional sobre um questionamento que poderia ter sido resolvido com a simples resposta pedida pela emissora, que assim o fez baseada no princípio da boa-fé e transparência”, continua a nota.

O novo posicionamento da rádio enfraquece a nova narrativa bolsonarista de desfavorecimento por parte do TSE. Mais cedo, o Tribunal publicou nota em que afirma que o servidor foi retirado do cargo após “reiteradas práticas de assédio moral, inclusive por motivação política”.

Reportagem de Paulo Motoryn e Felipe Mendes da Brasil de Fato RJ.

guazelli

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