Na abertura do último bloco do debate da TV Globo com os candidatos ao governo de São Paulo, transmitido na noite desta quinta-feira (27), Fernando Haddad (PT) questionou Tarcísio Freitas (Republicanos) sobre o escândalo do tiroteio em Paraisópolis, no último dia 17, que o candidato bolsonarista tentou usar politicamente ao afirmar para os meios de comunicação que teria sido um atentado.
Tudo começou quando Haddad escolheu falar sobre violência contra a mulher. Tarcísio prometeu ser implacável em relação ao tema e criar uma secretaria que promova o empreendedorismo feminino e as delegacias da mulher que funcionariam 24 horas, entre outras políticas.
Em sua réplica, Haddad lembrou que o procedimento para atendimento da mulher passa por três momentos: exame médico, exame de corpo de delito e boletim de ocorrência. O petista disse que irá centralizar todos esses aendimentos em um único lugar e aproveitou para dizer que para manter o programa de Guardiões da Lei Maria da Penha, que faz acompanhamento de casos de violência de gênero, é preciso uma polícia que use câmeras, que não altere cenas de crime e não mexa em provas.
“Você é a favor de uma polícia mais capacitada para preservar as cenas do crime, que possa usar câmeras, ou você acha que transparência prejudica a atividade policial?”, perguntou Haddad, que ainda questionou Tarcísio sobre a ordem dada por um homem envolvido em sua campanha para que um cinegrafista da Jovem Pan apagasse imagens do momento em que ocorreu o tiroteio em Paraisópolis durante visita do candidato.
Em sua resposta, Tarcísio voltou a dizer, contrariando a Secretaria de Segurança Pública e todos os meios de comunicação sérios que noticiaram o fato, de que teria sido vítima da ação de criminosos. Sobre as imagens apagadas, o candidato bolsonarista afirmou que a ordem partiu de seu aliado, ex-agente de inteligência, para resguardar as vidas de pessoas que apareciam nas imagens. Na tréplica, Haddad foi incisivo.
“Mais uma grande divergência que tenho com o meu adversário, dessa vez sobre segurança pública. Se você tem uma imagem que acha que pode colocar a vida de alguém em risco, apaga ou leva para a autoridade policial? O procedimento que ele relatou é absurdo, pergunte a qualquer especialista se podem levar uma pessoa para o comitê de um candidato e determinar que seja apagada. Isso gera suspeição. Hoje a sociedade paulista se pergunta por quê isso aconteceu. O cinegrafista contou uma história totalmente diferente para a Folha. Por que ele faria isso? Todos os meios de comunicação estão dizendo que um homem desarmado foi morto, isso tem que ser apurado. Não se destrói provas e evidências, se confia na autoridade policial, senão estamos todos perdidos”, concluiu Haddad.
Reportagem de Rapahel Sanz, da Revista Fórum.
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