A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, anunciou nesta terça-feira (8) que o PSD, do ex-ministro Gilberto Kassab, vai fazer parte do Conselho Político montado para a transição governamental. O partido, que manteve-se neutro na eleição presidencial, deve agora fazer parte da base de apoio do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao mesmo tempo que integrará o governo do bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos), em São Paulo.
O vice-governador eleito de São Paulo, Felício Ramuth, é membro do PSD. O partido fez parte da coligação que elegeu o ex-ministro da Infraestrutura do governo de Jair Bolsonaro (PL) na disputa contra o ex-ministro de Lula, Fernando Haddad (PT).
No âmbito federal, menos de dez dias depois do segundo turno, Kassab teve uma “ótima conversa” com Gleisi Hoffmann e indicou o deputado federal Antônio Brito (PSD-BA) para a equipe de políticos que farão parte das negociações para a transição governamental. Segundo Gleisi, o PSD ainda indicará nomes para cargos no governo de transição.
O PSD terá, em 2023, a segunda maior bancada do Senado Federal, com 11 senadores. Já na Câmara, o PSD terá a sexta maior bancada, com 42 deputados.
Fora isso, o partido governará o Paraná, com Ratinho Junior, e Sergipe, com Fábio Mitidieri.
Alianças de Kassab
Kassab é o grande articulador do PSD. Preside o partido desde sua fundação, em 2011, quando era prefeito de São Paulo.
Antes, Kassab havia sido secretário municipal de Planejamento na gestão de Celso Pitta e deputado federal por dois mandatos, entre 1999 e 2005, ainda filiado ao PFL.
Em 2004, foi candidato a vice-prefeito na chapa de José Serra (PSDB). Serra se elegeu. Renunciou para se candidatar a governador em 2006. Kassab assumiu a prefeitura em seu lugar.
Em 2008, ele concorreu à reeleição, venceu Marta Suplicy, e governou a cidade até 2013.
Em 2015, no início do segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), Kassab foi nomeado Ministro das Cidades. Pediu demissão do cargo em abril, dois dias antes da votação do impeachment de Dilma na Câmara.
Michel Temer (MDB) assumiu o governo federal em maio. Kassab logo foi nomeado ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Permaneceu no cargo até o final do mandato do vice que virou presidente.
Um dia depois, já havia sido nomeado secretário estadual da Casa Civil de São Paulo do recém-empossado governo de João Dória (PSDB). Pediu afastamento do cargo em dezembro de 2020, após ter sido alvo de uma operação da Polícia Federal que investigava suspeitas de que ele teria recebido propinas da J&F –Kassab nega irregularidades.
Desde então, segue influente nos bastidores da política. Segundo o Brasil de Fato apurou, Kassab, aliás, não pretende deixar os bastidores. Ele não tem intenção de ocupar um cargo no governo de Tarcísio nem no governo Lula.
Reportagem de Vinicius Konchinski, da Brasil de Fato PR.
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