O estoque da Dívida Pública Federal (DPF) encerrou o mês de agosto em R$ 6,27 trilhões, alta de R$ 123,16 bilhões (2,01%) em termos nominais (sem considerar a inflação) em comparação a julho (R$ 6,14 trilhões). Esse resultado foi impulsionado principalmente pela ampliação de 1,94% da Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi), que passou de R$ 5,91 trilhões, em julho, para R$ 6,02 trilhões, em agosto, pela emissão líquida. O estoque da Dívida Pública Federal externa (DPFe) subiu 3,71% (termos nominais) no período, encerrando o mês passado em R$ 237,46 bilhões (US$ 48,25 bilhões).
As informações constam do Relatório Mensal da Dívida (RMD) referente a agosto, produzido pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN). O material foi divulgado na tarde desta terça-feira (27/9) em coletiva on-line. Participaram da entrevista o coordenador-geral de Planejamento Estratégico da Dívida Pública, Luiz Fernando Alves; o coordenador-geral de Controle e Pagamento da Dívida Pública, Leonardo Canuto; e o coordenador de Operações da Dívida Pública, Roberto Lobarinhas.
O relatório destaca que o oitavo mês de 2023 foi marcado, no cenário externo, pelo aumento da aversão ao risco, com bolsas em queda e títulos americanos em alta, repercutindo o rebaixamento do rating dos Estados Unidos pela agência Fitch. A ata do FOMC — Federal Open Market Committee ( Comitê de Mercado Aberto) do Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos — reforçou o crescente risco inflacionário, levando os mercados a precificarem um cenário de juros altos por mais tempo. Além disso, a dificuldade financeira das grandes incorporadoras chinesas também contribuiu para o momento de aversão ao risco, aponta o Tesouro.
No mercado local, o corte de 0,5 ponto percentual da Selic (a taxa básica de juros brasileira) favoreceu a queda dos juros de curto prazo. A melhora do rating brasileiro pela Fitch também se refletiu positivamente na curva, informa o Tesouro. Entretanto, as partes intermediária e longa da curva fecharam o mês com alta de até 35 pontos-base, refletindo o cenário externo. O CDS [ Credit Default Swap ] Brasil alcançou o valor de 167 pontos-base no dia 31 de agosto (aumento de 1,96% em relação a julho), mostra a análise do Tesouro. Em setembro, a curva de juros local seguiu ganhando inclinação, em linha com a aversão ao risco no exterior.
“Apesar desse ambiente de aversão a risco e mesmo em um mês com um volume reduzido de vencimentos, o Tesouro conseguiu fazer um bom volume de emissões, com uma maior participação em prefixados”, comentou o coordenador de Operações da Dívida Pública, Roberto Lobarinhas. Ele lembrou que em agosto foi a primeira vez que a DPMFi ultrapassou a marca de R$ 6 trilhões. Ressaltou, ainda, que a parte curta da curva de juros local foi beneficiada pela política monetária em curso (queda da Selic) e pelos dados benignos de inflação.
Emissões e resgates
Em agosto, o governo emitiu R$ 93,64 bilhões em títulos da Dívida Pública Federal (DPF) e resgatou R$ 34,37 bilhões. Essa movimentação resultou na emissão líquida de R$ 59,27 bilhões no mês, refletindo emissão de R$ 59,73 bilhões relativos à Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) e resgate de R$ 461 milhões na Dívida Pública Federal externa (DPFe).
“As emissões realizadas em agosto tiveram um prazo médio de 4,81 anos, ou seja, prazo médio superior à média do estoque”, destacou Lobarinhas. O prazo médio da DPF, em agosto, ficou em 4 anos (ante 4,06 anos, em julho).
Em agosto, o grupo “Prefixado” aumentou a participação na DPF para 25,00% (ante 24,65%, em julho). Houve ampliação também no grupo de títulos remunerados à taxa flutuante (de 41,20%, em julho, para 41,39%, em agosto). Os títulos atrelados a índice de preços tiveram redução em sua participação (30,21% para 29,61%) no estoque.
As Instituições Financeiras permanecem sendo os principais detentores dos títulos da dívida, com uma participação de 28,96%, seguidas por Fundos de Investimento (24,90%), Previdência (23,63%) e Não-residentes (9,25%).
Durante o mês passado, foi observado aumento nos estoques detidos por Instituições Financeiras (+R$ 18,30 bilhões), Fundos de Investimento (+R$ 75,51 bilhões) e Não-residentes (+R$ 12,43 bilhões). Por outro lado, houve queda em Previdência (-R$ 12,43 bilhões).
Custo médio
O custo médio do estoque da DPF acumulado em 12 meses subiu de 10,07% ao ano, em julho, para 10,53% anual, em agosto. O custo médio do estoque da DPMFi acumulado em 12 meses subiu de 10,67% ao ano (julho) para 10,98% anual (agosto). O custo médio das emissões em oferta pública da DPMFi caiu de 12,22% ao ano, em julho, para 12,03%, no mês passado.
O custo médio do estoque da DPFe acumulado em 12 meses aumentou, passando de -3,34% ao ano, em julho, para 0,40% ao ano, em agosto, refletindo principalmente a apreciação do dólar em relação ao real de 3,80%, no mês passado (contra a depreciação de 0,18% ocorrida no mesmo período do ano anterior).
Colchão de liquidez
A reserva de liquidez (colchão) apresentou alta, em termos nominais, de 3,30%, passando de R$ 991,85 bilhões, em julho, para R$ 1,024 trilhão, no mês passado. O índice de liquidez registrado em agosto garante pagamentos de 7,92 meses de vencimentos futuros. Está assegurada, portanto, a manutenção do caixa prudencial, acima de três meses de vencimentos à frente.
Tesouro Direto
O Tesouro Direto registrou vendas de R$ 3,66 bilhões e resgates de R$ 3,05 bilhões em agosto, resultando em emissão líquida de R$ 610 milhões. O título mais demandado foi o Tesouro Selic (62,21%). O estoque alcançou R$ 121,61 bilhões, alta de 1,35% em relação a julho. Os títulos indexados à inflação representaram 49,60% do estoque. Operações até R$ 5 mil responderam por 85,18% das compras do Tesouro Direto no mês passado.
O Tesouro direto teve 468.954 novos investidores cadastrados em agosto. Isso elevou o número total de investidores a 25,48 milhões, representando aumento de 23,27% nos últimos 12 meses. O total de investidores ativos chegou a 2,37 milhões no mês (variação de 14,70% nos últimos 12 meses).
Agência Gov.
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