Durante evento no Rio de Janeiro (RJ), a Ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima, falou de como a crise climática provoca impactos na saúde e sobre como lidar com os desafios decorrentes das alterações ambientais. Esses problemas que estão surgindo, acrescentou, somam-se aos séculos 19 e 20, e no Brasil e em outros países, permanecem existindo.
“Há a consciência crescente do impacto das mudanças climáticas na saúde em várias dimensões. Uma delas, é nas arboviroses”, afirmou a ministra ao abrir, em participação online, um encontro na Fiocruz, em Manguinhos, zona Norte do Rio de Janeiro (RJ), promovido pela organização internacional sem fins lucrativos iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi), em comemoração aos seus 20 anos de fundação.
O evento reuniu representantes dos governos do Brasil e de outros países da América Latina, como Colômbia, Chile e Argentina, especialistas nacionais e internacionais e outros importantes atores em pesquisa e desenvolvimento de medicamentos para doenças desconsideradas pelo sistema tradicional de produção de fármacos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1,7 bilhão de pessoas no mundo vivem com doenças tropicais negligenciadas, como Chagas, leishmaniose, dengue e hepatite C, para as quais os tratamentos, quando disponíveis, apresentam muitos desafios, pois causam fortes efeitos colaterais, têm eficácia limitada e são longos.
Segundo a ministra, um dos efeitos das mudanças climáticas é a dengue, que tem apresentado um aumento expressivo de casos no Brasil, especialmente de 2022 para 2023. A enfermidade transmitida pelo mosquito Aedes aegypti é uma das doenças que integra o portfólio da DNDi, criada em 2003, por instituições científicas nacionais, entre as quais a Fiocruz, e internacionais, como a Médicos Sem Fronteiras (MSF).
Depois de destacar a importância dos avanços obtidos na área de doenças negligenciadas, em especial, pelo DNDi, que desenvolveu 12 novos tratamentos para seis enfermidades, a ministra frisou ser “imperativo” que o investimento em pesquisa e inovação seja direcionado para os sistemas de saúde. “A inovação não pode ser vista como um fato isolado. É a visão do Ministério da Saúde e a própria razão de ser da DNDi”, declarou.
Diretor da DNDi para América Latina, Sergio Sosa-Estani enfatizou o modelo alternativo inovador desenvolvido pela DNDi para cobrir a lacuna deixada pela indústria farmacêutica, que têm pouco interesse em produzir medicamentos para as populações mais vulneráveis, atingidas por doenças negligenciadas. E destacou que, dentro desse contexto, as crianças são muito afetadas, em razão das poucas formulações pediátricas encontradas no mercado. “Cinco dos 12 tratamentos que entregamos foram para as crianças, um dos grupos mais vulneráveis”.
Já o presidente daFundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Mario Moreira enfatizou que a instituição tem um olhar que comunga com a visão da DNDi, e propôs que seja criada uma coordenação para todas as iniciativas que existem hoje no mundo voltadas para a mesma finalidade: reduzir a desigualdade no acesso a medicamentos. “Podemos pensar em um fórum onde pudéssemos colocar todo mundo na mesma mesa e obter mais resultados”, disse.
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