O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cedeu o palco neste sábado (2/12) para que a ministra Marina Silva discursasse em seu lugar durante painel sobre proteção às florestas tropicais na COP28, a conferência do clima da ONU, em Dubai, nos Emirados Árabes. Segundo Lula, é a primeira vez em 28 edições da cúpula que “as florestas vêm falar por si”.

O presidente participava do painel “Protegendo a natureza para o clima, vidas e subsistências”, com outros chefes de Estado e governo. Lula quebrou o protocolo ao levar Marina ao palco e afirmou que cederia a ela seu discurso porque “não poderia utilizar a palavra sobre a floresta se tenho no meu governo uma pessoa da floresta”.

“Marina nasceu na floresta, se alfabetizou aos 16 anos. É justo que para falar da floresta, ao invés de falar o presidente, que é de um Estado que não é da floresta, a gente tem é que ouvir ela, que é a responsável pelo sucesso da política de preservação ambiental que estamos fazendo no Brasil”, discursou Lula, que se emocionou ao citar a história da ministra.

Marina listou medidas tomadas pelo governo para retomar a política ambiental após quatro anos de retrocesso durante o governo anterior. Com o aumento da ações de fiscalização do Ibama e do ICMBio, a área sob alerta de desmatamento na Amazônia caiu 49,7% na Amazônia de janeiro a outubro, segundo dados do Inpe, evitou-se o lançamento na atmosfera de 250 milhões de toneladas de CO₂.

“Se não fossem as suas medidas, teríamos um aumento do desmatamento de 54% e não uma queda de 49% no seu governo nos 10 meses de governo”, afirmou a Marina a Lula.

O Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm) foi retomado por um deles e lançado em 5 de junho com instrumentos para o incentivo à bioeconomia e ao desenvolvimento sustentável. O PPCerrado foi divulgado no último dia 28 e planos para os outros biomas devem ser finalizados até o meio de 2024.

Marina citou também o Plano de Transformação Ecológica, comandado pelo Ministério da Fazenda, e o fundo para preservação de florestas tropicais, lançado durante a COP28. O instrumento buscará captar US$ 250 bilhões e pode beneficiar cerca de 80 países.

“Sua diretriz para proteger a floresta é mais do que comando e controle, é uma diretriz de desenvolvimento sustentável em suas quatro dimensões: na dimensão ambiental, na dimensão social, na dimensão econômica e na dimensão cultural. O desenvolvimento sustentável que protege florestas está protegendo biodiversidade, está protegendo água, cultura, uma cosmovisão. Está protegendo sobretudo o equilíbrio do planeta”, disse a ministra ao presidente.

Reunião com sociedade civil

Também no sábado, Marina, Lula e outros representantes do governo participaram de encontro com representantes de 135 organizações da sociedade civil e de movimentos sociais. A crise do clima, afirmou a ministra, “tem poder de afetar a humanidade inteira”.

“Conseguimos ver esses efeitos no Brasil, com a seca na Amazonia, enchentes avassaladoras na região Sul e, pela primeira vez, a ciência detectou um processo real de desertificação do semiárido brasileiro. Isso é resultado da mudança do clima”, discurso Marina.

O governo federal, completou a ministra, chegou “a Dubai de cabeça erguida” por fazer sua parte com 23 ministérios que trabalham pela implementar a agenda de sustentabilidade e construir um novo modelo de desenvolvimento. Deixar o aumento da temperatura do planeta ultrapassar 1,5ºC, argumentou, “é dar um espaço que não existe para que a Terra” e que demanda ação multisetorial.

“O balanço geral [das emissões de CO₂] está dizendo que o que foi feito até agora é insuficiente da parte de governo e empresas. Os povos originários e comunidades tradicionais já preservam 80% das florestas existentes no mundo, então precisamos acelerar a parte de quem ainda não está fazendo”, declarou a ministra.

Agência GOV.

guazelli

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