A expectativa gerada em torno do primeiro dia do júri popular que irá sentenciar Jorge Guaranho pelo assassinato do petista Marcelo Arruda terminou frustrada na manhã desta quinta-feira (4). Realizado no Fórum Estadual de Justiça de Foz do Iguaçu, o julgamento previsto para se alongar pelos próximos três dias, não ultrapassou 60 minutos.
Iniciado às 9h, cinco dos sete jurados se declararam suspeitos ou impedidos de participar do julgamento. O impasse foi logo resolvido com a substituição por outros considerados aptos. Do lado de fora do plenário, dezenas de amigos e familiares da vítima aguardavam autorização para acessarem o salão do júri.
Antes mesmo que o público presente adentrasse ao local, a sessão foi encerrada após o juiz responsável pela causa, Hugo Michelini, indeferir todos os pedidos formulados pelos advogados do réu. Sob alegação principal de cerceamento da defesa, os defensores do bolsonarista acusaram o Ministério Público do Paraná (MP-PR) de agir de maneira “inquisitória”.
“O MP se comportou de forma completamente inquisitória. Descumprindo preceitos legais legais, vindo justificar que documentos necessários para defesa foram aportados com a devida antecedência. Entretanto, tais documentos foram disponibilizados 15 horas antes desta sessão do júri, sem as numerações originárias. O que torna esses documentos inúteis. Temos ampla convicção de que o MP agiu de má fé”, afirmou um dos advogados que assistem Jorge Guaranho.
Por sua vez, em meio a interrupções sucessivas dos advogados do réu, o promotor Luíz Marcelo Mafra exigiu, aos gritos, que a defesa ouvisse suas contrarrazões “calada”. Mafra sustentou que tais demandas apresentadas pela defesa seriam improcedentes, e defendeu a continuidade do julgamento. No mesmo sentido, o juiz responsável indeferiu os pedidos. Neste instante, os advogados do assassino abandonaram a sessão.
“Isso é uma afronta às normas processuais. A defesa se comporta como aquele que é o dono da bola e só permite o jogo se for do seu jeito, caso contrário, não tem partida. O que é lamentável. Fomos surpreendidos com essa postura. Importante ressaltar que isso não muda nada. A verdade está ao nosso favor”, defendeu o promotor.
Jorge Guaranho veio do Complexo Penal de Pinhais para acompanhar o julgamento em Foz do Iguaçu. Ele responde à Justiça por por homicídio doloso duplamente qualificado, por motivo fútil – em função da violência política motivada pelo desrespeito às diferenças – e perigo comum, já que os disparos que mataram Marcelo Arruda foram efetuados no local de sua festa de aniversário, e e poderiam ter vitimado os convidados presentes.
Reportagem de Bruno Soares, da Brasil de Fato PR.
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