Após ser vítima de violência sexual, uma mulher (que prefere não se identificar) procurou atendimento de emergência na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Alto Maracanã, em Colombo, e foi negligenciada e constrangida pelos funcionários da unidade de saúde.

Sem conseguir a medicação adequada, a vítima precisou viajar até Curitiba, no Hospital das Clínicas (HC) para ter acesso à PEP (Profilaxia Pós-Exposição ao HIV), que deve ser iniciada até 72 horas após a exposição ao vírus. O Brasil de Fato – Paraná denunciou esse caso anteriormente

Agora, quase um mês após buscar a UPA pela primeira vez, a paciente relata que ainda não conseguiu tomar todas as três doses de penicilina benzatina e continua encontrando dificuldades e negligência por parte do sistema de saúde do município de Colombo.

“Eu tive que começar o tratamento de novo porque teve um espaço de tempo muito grande entre uma dose e outra”, diz ela. “Se eu desconhecesse a importância não iria seguir com o tratamento até o fim porque é muito transtorno”, afirma.

Dificuldade de acesso à medicação

A paciente conta que foi até a UPA Alto Maracanã e conseguiu tomar a primeira dose da medicação, a seguir foi instruída a ir até a farmácia municipal retirar as outras ampolas para tomar na Unidade Básica de Saúde (UBS).

Entretanto, a profissional da UPA ficou com uma das vias da receita e a paciente não conseguiu realizar a retirada do medicamento necessário..

“A atendente do Pronto Socorro Alto Maracanã não sabia que eu precisaria da receita? Ou propositalmente me deixou sem uma das guias? A situação burocratizou a minha vida e me impossibilitou de ter acesso a medicação”, questiona.

A paciente precisou retornar ao atendimento emergencial do HC para solicitar, pela terceira vez, uma nova receita para que ela possa seguir com o tratamento em Colombo, mas como teve um espaçamento muito grande entre uma dose e outra, a médica recomendou reiniciar o tratamento.

“Solicitei à médica uma declaração dizendo que é a terceira vez que ela precisa me prescrever a medicação pela omissão da Secretaria de Saúde de Colombo”, conta. 

Seguir de forma adequada o tratamento e a medicação indicada é fundamental para vítimas de estupro e é importante cumprir as doses no período recomendado para garantir que a pessoa não contraia infecções. Ainda que seja difícil, a orientação é não deixar de tomar nenhum comprimido, não atrasar as tomadas e não suspender a medicação por conta própria.

Na farmácia, o atendimento à vítima deve dar o maior número de informações possíveis, inclusive sobre horários, formas específicas de tomar os remédios e, principalmente, os efeitos colaterais.

“Agora eu já estou com os medicamentos e só vou na unidade básica para tomar as doses, mas foi um transtorno. Em todo esse processo fiz três denúncias na ouvidoria, mas não deu em nada”, diz ela. “Acredito que outras pessoas que passem por situações semelhantes desistam do tratamento porque é muito exaustivo buscar ajuda no equipamento de saúde e ainda ser maltratada”, afirma.

Em nota ao Brasil de Fato – Paraná, a Prefeitura de Colombo, por meio da Secretaria de Saúde, respondeu que é obrigatório que o farmacêutico retenha a segunda via da receita médica contendo a prescrição do antibiótico durante o primeiro atendimento, de acordo com a RDC nº 471/2021, e as receitas apresentadas após o prazo de validade ou com o carimbo vencido não serão aceitas.

Reportagem de Mayala Fernandes, da Brasil de Fato PR.

guazelli

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