A destruição de uma placa sobre genocídio negro repercutiu entre os deputados na sessão do Plenário desta terça-feira (19). O painel com uma charge do artista Carlos Henrique Latuff de Sousa fazia parte de uma exposição na Câmara dos Deputados em comemoração ao Dia da Consciência Negra (20).

A placa foi retirada e quebrada ao meio pelo deputado Coronel Tadeu (PSL-SP). A atitude foi defendida pelo deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), ao afirmar que gostaria de “apertar a mão” de quem retirou o painel. Disse que genocídio negro é uma “falácia” e que, na sua atuação como policial militar, nunca viu tal prática.

“É evidente que mais negros morrem. Eu tive o prazer e o desprazer de operar em todas as favelas do Estado do Rio de Janeiro. Lá tem mais negros com arma, tem mais negros cometendo o crime, mais negros confrontando a polícia, e mais negros morrem”, disse.

O deputado Santini (PTB-RS) criticou a atitude, mas disse que a exposição não retrata com veracidade os policiais. “Me chocou ver o cartaz colocando claramente a visão de um policial como assassino de uma pessoa negra. Policial não é assassino de negro, onde está escrito isso?”, disse. O deputado sugeriu que o artista fosse processado pela charge reproduzida na tela.

O deputado Coronel Chrisostomo (PSL-RO) também defendeu a atitude. “Mostrou que defende a polícia, continue assim”, disse.

Racismo estrutural
A oposição disse que vai representar contra Coronel Tadeu no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados. O deputado Marcelo Freixo (Psol-RJ) criticou o racismo estrutural e disse que a Câmara dos Deputados deve ser a casa das ideias, não a casa da violência. Criticou ainda a fala do deputado Daniel Silveira.

“Dizer que os negros morrem mais porque cometem mais crimes é de um racismo violentíssimo, é uma frase absolutamente inaceitável. Essa ignorância faz mal para a segurança e racismo é crime”, afirmou.

O deputado Valmir Assunção (PT-BA) afirmou que os dois deputados do PSL – Coronel Tadeu e Daniel Silveira – cometeram crime de racismo. “O deputado cometeu o crime de racismo quando destruiu a nossa exposição e aqui comete o crime de racismo quando você chama a gente de negrinho”.

A deputada Lídice da Mata (PSB-BA) ressaltou que a destruição ocorre na véspera do Dia da Consciência Negra. “Um deputado que se acha dono de tudo e arranca cartazes de artistas não pode ficar sem punição. Que a Mesa tome providência contra ele”, disse.

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) destacou que o parlamentar que retirou a placa poderia ter representado contra o tema caso se considerasse ofendido, mas “demonstrou nas vísceras a intolerância e o racismo”.

Já o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) disse não encontrar explicação para a atitude do parlamentar. “É uma coisa impressionante que precisa ser apurada”, disse.

Agência Câmara Notícias.

Imagem: Luís Macedo.

guazelli

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