Integrantes da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro afirmaram ontem (19) que o doleiro Dario Messer pediu ao então presidente do Paraguai Horacio Cartes US$ 500 mil para pagar despesas advocatícias após a deflagração da Operação Câmbio, Desligo, em junho do ano passado. Segundo as investigações, Cartes teria enviado o valor para Messer por meio de intermediários.
A 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro decretou a prisão preventiva de Cartes, investigado na Operação Patrón, desdobramento da Operação Câmbio, Desligo, por corrupção, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa, em esquema envolvendo Messer, também um dos alvos de prisão da operação deflagrada nesta terça-feira.
O doleiro teve sua prisão decretada em maio de 2018 pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro naquela operação. Depois de ficar foragido por mais de um ano, ele foi preso em julho deste ano, acusado de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e participação em organização criminosa.
“Cópias de mensagens de WhatsApp atestaram o auxílio de autoridades paraguaias e outros cidadãos para Messer ficar foragido ora no Paraguai, ora no Brasil. Por esses dados constatou-se que a organização criminosa disponibilizou pelo menos US$ 2,5 milhões a Messer. As apurações revelaram que Cartes teria enviado US$ 500 mil para o doleiro, a quem se referiu como “hermano de alma”, após sua fuga para o país que ele governava até agosto do ano passado”, informa nota do Ministério Público Federal (MPF).
O ex-presidente paraguaio e atual senador é um dos nove procurados fora do Brasil da Operação Patrón. Dos 20 mandados de prisão expedidos, oito de prisão preventiva e três de prisão temporária foram cumpridos.
“A participação do ex-presidente do Paraguai está bastante clara. No mínimo, como alguém que financiou uma organização criminosa em determinado momento”, disse, em entrevista coletiva, o procurador regional da República, José Augusto Vagos. “Não é de se esperar que um presidente de um país disponibilize US$ 500 mil para um foragido da Justiça”.
O pedido de extradição será solicitado às autoridades paraguaias. “O pedido de cooperação jurídica internacional para o Paraguai está sendo formulado nesse momento. Não foi feito anteriormente porque os indícios apontavam para um risco de vazamento da operação”, disse a procuradora da República Marisa Ferrari.
Os alvos da operação que residem no Paraguai e nos Estados Unidos foram incluídos na lista vermelha da Interpol, a polícia internacional.
Agência Brasil.
Imagem: Marcelo Camargo.
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