Deputados aproveitaram a presença do ministro Mauro Vieira na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (24) para cobrar providências das autoridades espanholas sobre os ataques racistas sofridos pelo jogador brasileiro Vinicius Júnior, do Real Madrid, em partida contra o Valencia, também da Espanha, no último domingo (21).

O presidente da comissão, deputado Paulo Alexandre Barbosa (PSDB-SP), lamentou as ofensas feitas por torcedores ao atleta brasileiro e relatou que medidas já foram tomadas pelo colegiado.

“Vini Jr., como é internacionalmente conhecido, sofreu o oitavo ataque racista na temporada. A cor da sua pele é suficiente para o cometimento de atrocidades inaceitáveis e vergonhosas. Nessa segunda-feira pela manhã, encaminhamos ofício à presidente do Parlamento Europeu e do Congresso dos Deputados da Espanha expressando o nosso sentimento – que é de todos nós – de repúdio aos atos de racismo e xenofobia, ao tempo que cobrei dos respectivos parlamentos a adoção de medidas reparatórias à luz dos tratados da União Europeia e da legislação espanhola”, explicou.

Ações do governo

O deputado Paulo Alexandre Barbosa também pediu uma audiência com a embaixadora da Espanha no Brasil, Mar Fernández-Palacios. Durante a audiência pública, o ministro das Relações Exteriores também repudiou os atos racistas contra Vini Jr.

“O governo brasileiro emitiu uma nota conjunta, firmada por cinco ministérios, e estamos acompanhando de perto as primeiras medidas tomadas pelas autoridades governamentais espanholas e as autoridades esportivas também, cujo objetivo é punir os perpetradores e, sobretudo, evitar a repetição desses atos. Seguiremos atentos ao caso e à promoção de uma política externa antirracista”, disse Mauro Vieira.

Além de prestar solidariedade a Vini Jr., a deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS) defendeu que o governo brasileiro cobre medidas enérgicas das autoridades espanholas. Ela lamentou que as primeiras declarações do presidente da La Liga, a liga espanhola de futebol, tenham, segundo ela, “criminalizado a vítima”, reforçando o preconceito e a violência contra o jogador brasileiro.

Já a deputada Dandara (PT-MG) elogiou as ações tomadas pelo Itamaraty em relação ao episódio e afirmou que não se pode naturalizar situações como essas. A parlamentar fez um convite ao chanceler Mauro Vieira.

“Uma das iniciativas que nós estamos propondo – e gostaríamos de contar com o apoio do senhor – é que, ao retomar o grupo de trabalho permanente para combater o racismo no esporte, o Itamaraty possa compor esse grupo de trabalho, para tratar também do racismo no esporte que acomete brasileiros no exterior”.

Comissão do Esporte

Vários deputados também se manifestaram sobre o episódio de racismo contra o jogador Vinicius Júnior na Comissão do Esporte da Câmara. Destacaram a repercussão mundial como reforço do combate ao racismo e sugeriram que, além da La Liga, também a Federação Internacional de Futebol (Fifa) seja citada em uma moção de repúdio.

O deputado Ismael Alexandrino (PSD-GO) lembrou que o futebol já foi capaz de parar guerras. “Nós não podemos admitir que esse espetáculo que é o esporte, que é o futebol, que tem a capacidade de dirimir as diferenças dentro de campo, seja cena de crimes sucessivos”, disse.

Já o deputado Paulinho Freire (União-RN) afirmou que o país inteiro está comovido com a violência sofrida pelo jogador. “Acho que não foi só ele que foi atingido, o povo brasileiro foi atingido, principalmente aquele negro que vive na favela, que sofre discriminações todos os dias quase, mas não tem a fama que Vinicius Júnior tem”.

A Comissão do Esporte e a Subcomissão Especial pela Modernização do Futebol divulgaram nota conjunta repudiando o episódio de racismo e criticando o ataque do presidente da La Liga, Javier Tebas, a Vini Jr nas redes sociais depois dos atos do dia 21, assim como a declaração do técnico do Valencia, Ruben Baraja, minimizando as agressões.

O texto lamenta que o ambiente dos jogos tenha se tornado hostil e racista, onde a livre manifestação de ódio conta com a conivência dos cartolas. A nota afirma que o futebol, um dos maiores patrimônios culturais do Brasil, deve ser tratado com seriedade e respeito aos jogadores e torcedores dentro e fora de campo.

Agência Câmara de Notícias.

guazelli

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