Quem consulta o site da Prefeitura de Curitiba certamente notou que o nome do prefeito Rafael Greca (PSD) vem sendo substituído pelo do vice Eduardo Pimentel (PSD) nos últimos meses. De participação em eventos oficiais à inauguração de obras, é o vice-prefeito quem tem sido destaque. Isso porque Pimentel é o mais cotado para disputar a Prefeitura de Curitiba neste ano, com apoio de Greca (que já está no segundo mandato e não pode se candidatar novamente).

O esforço de estampar o rosto de Pimentel no dia a dia da atual gestão tem um motivo: o possível candidato de Greca tem pouco apelo popular. Nos oito anos que passou como vice-prefeito, Pimentel se mostrou pouco e, desde o ano passado, reveza o cargo na prefeitura com o de secretário de Estado das Cidades, nomeado pelo governador Ratinho Junior (PSD).

O acúmulo de cargos na prefeitura e no governo do estado, inclusive, foi alvo de denúncia do PSOL, na última semana. O partido alega que a legislação proíbe o exercício simultâneo de cargos e mostra documentos que indicam que Pimentel estaria se beneficiando do cargo no governo do estado assinando convênios para obras que ele mesmo irá inaugurar na gestão municipal. A denúncia do PSOL mostra que Pimentel já foi nomeado quatro vezes para o cargo no governo do estado, pois é exonerado sempre que precisa assumir a prefeitura interinamente.

Após a denúncia, Pimentel divulgou nota afirmando que o “crescimento da aceitação” de seu nome como sucessor de Greca está “incomodando grupos políticos interessados em disseminar desinformação”. “É importante ressaltar que o exercício de uma função não interfere na outra, ambas devidamente divulgadas e exercidas alternadamente em prol da população, em conformidade com a legislação”, ressalta trecho da nota.

Coronelismo curitibano

Se encontra dificuldades em se fazer conhecer pela população curitibana, Pimentel é figura mais do que conhecida e aprovada nos círculos empresariais e da política conservadora tradicional da capital.

Seu pai, Claudio Slaviero, já foi presidente da Associação Comercial do Paraná e a família é dona da rede de hotéis Slaviero. Seu avô materno, Paulo Pimentel, foi fundador do Grupo Paulo Pimentel, que chegou a ser o maior grupo de comunicação do Paraná, numa estrutura que incluía os jornais O Estado do Paraná e Tribuna do Paraná, e emissoras de TV filiadas ao Sistema Brasileiro de Televisão (SBT). Paulo Pimentel também foi governador do Paraná pela Aliança Renovadora Nacional (ARENA), partido que representava o regimente militar durante a ditadura.

O padrinho Beto Richa

Eduardo Pimentel começou a trabalhar nas empresas do avô, antes de entrar na carreira pública, apadrinhado por Beto Richa.

Ocupou o cargo de diretor da Fundação Cultural na prefeitura de Richa (então filiado ao PSDB) e, depois, de diretor da Centrais de Abastecimento do Paraná (Ceasa).

Quando Richa foi para o governo do estado, Pimentel foi junto e assumiu a subchefia da Casa Civil. Estava no cargo quando o governo Richa encampou o violento “Massacre do Centro Cívico”, em 29 de abril de 2015. À época, profissionais da educação protestavam contra a alteração do custeio da Paraná Previdência e foram reprimidos pelas forças de segurança do estado com bombas, balas de borracha e gás de pimenta. Mais de 200 ficaram feridos. 

Questionado sobre sua opinião sobre a ação violenta, em 2016, Pimentel disse que reconhecia ter havido “excesso dos dois lados” e que a aprovação das alterações na Previdência foi importante, pois “ajudou a fazer um ajuste fiscal nas contas”.

Na política, Pimentel tem carreira tímida: a eleição para vice-prefeito é sua única experiência até o momento. Antes disso, foi candidato a deputado estadual uma única vez, em 2010. Teve cerca de 20 mil votos e não foi eleito.

Reportagem de Lia Bianchini, da Brasil de Fato PR.

guazelli

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