O juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato no Paraná, afirmou em documento enviado ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que não quis influenciar as eleições deste ano ao divulgar trechos da delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci dias antes do primeiro turno. O ofício foi protocolado nesta quarta-feira (17/10).
Ex-prefeito de Ribeirão Preto pelo PT, Palocci foi ministro da Fazenda no governo Luiz Inácio Lula da Silva e da Casa Civil no de Dilma Rousseff.
Moro enviou as informações depois de o corregedor do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Humberto Martins, determinar que ele prestasse informações, em razão de ação apresentada pelos deputados federais do PT Paulo Pimenta (RS), Wadih Damous (RJ) e Paulo Teixeira (SP).
Agora, diante das informações, o ministro Humberto Martins vai decidir sobre o pedido de liminar de afastamento do juiz. O caso tramita em sigilo no CNJ.
De acordo com os deputados, a decisão que autorizou a divulgação da delação, na segunda (01/10), é política e tem o objetivo de prejudicar campanhas do PT.
Segundo o juiz, Palocci se referiu a supostos crimes praticados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que “não é sequer candidato nas eleições de 2018”.
“Não há no depoimento qualquer referência ao atual candidato à Presidência pelo Partido dos Trabalhadores.”
Ainda segundo Moro, “caso fosse intenção deste Juízo influenciar nas eleições teria divulgado a gravação em vídeo do depoimento, muito mais contundente do que as declarações escritas e que seria muito mais amplamente aproveitada para divulgação na imprensa televisiva ou na rede mundial de computadores”.
De acordo com Sérgio Moro, “o Juízo não pode interromper os seus trabalhos apenas porque há uma eleição em curso”.
Moro afirmou ainda que a divulgação era “necessária” porque ele terá de analisar benefícios a Palocci em uma das ações penais contra Lula. E que, em razão do respeito à ampla defesa, seria “pelo menos necessário dar conhecimento aos defensores dos co-acusados do conteúdo”.
O juiz avaliou que a publicidade das informações não prejudicaria as investigações e que não divulgar também poderia ser interpretado como uma interferência.
Em resposta de seis páginas, Moro afirmou que os deputados buscam através do CNJ “cercear decisões da Justiça que contrariam os seus interesses partidários”.
Fonte: G1
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