A primeira reunião entre a bancada do Paraná na Câmara dos Deputados e o novo chefe do Executivo estadual Ratinho Júnior (PSD) aconteceu na manhã desta quarta-feira (31/10), em Brasília. Derrotada nas urnas, a atual governadora do Paraná, Cida Borghetti (PP), também participou do encontro, conduzido por um aliado dela, o reeleito Toninho Wandscheer (Pros), coordenador da bancada. Na pauta, as emendas impositivas que a bancada deve apresentar ao orçamento de 2019 da União. Ratinho pediu prioridade para a área de segurança pública, em especial para um projeto que batiza de “Olho Vivo”, e que pretende implantar já no primeiro ano do mandato.
A bancada do Paraná pode indicar o destino de quase R$ 170 milhões do orçamento federal do ano que vem através de emendas impositivas, ou seja, de execução obrigatória. O prazo para apresentação das emendas termina nesta quarta-feira (31/10).
No início da reunião, Toninho Wandscheer informou que o combinado com integrantes da bancada era distribuir R$ 50 milhões para a área da agricultura; R$ 43 milhões para saúde (incluindo R$ 10 milhões para renovar a frota do Samu); R$ 36 milhões para a educação (para compra de ônibus escolares); R$ 22 milhões para área social; e R$ 20 milhões para segurança pública. Ao final da reunião, contudo, ficou definido que haveria um remanejamento das emendas impositivas, para dar mais dinheiro à segurança pública.
A ideia é tirar R$ 20 milhões da agricultura e destinar o valor à segurança pública, que passaria a ter R$ 40 milhões. A alteração gerou insatisfação entre parlamentares ruralistas, mas os apelos de aliados de Ratinho Júnior prevaleceram na reunião. “A agricultura já foi prioridade no ano passado. Não tem cabimento colocar mais R$ 50 milhões na agricultura agora de novo”, disse o deputado federal Edmar Arruda (PSD), que não conseguiu se reeleger nas urnas. O deputado federal Alex Canziani (PTB), que saiu derrotado na disputa ao Senado e também não volta a Brasília no ano que vem, endossou o colega: “Vamos aproveitar as bandeiras do presidente eleito Jair Bolsonaro e do governador eleito Ratinho Júnior, que é a segurança pública”.
O discurso de Ratinho Júnior à bancada foi na mesma linha – “segurança pública é prioridade número um”, afirmou ele. Segundo o futuro governador do Paraná, por causa da dificuldade em fazer a reposição do quadro de policiais, devido a restrições da folha de pagamento, a ideia é investir em tecnologia. “Podemos repor apenas de 800 a 1.000 policiais entre um ano e um ano e meio. Para compensar, gostaríamos de implantar o projeto Olho Vivo, que eu conheci em Israel. Investir em tecnologia”, justificou ele.
Ratinho explica que o projeto Olho Vivo envolve “tecnologias embarcadas, softwares, não apenas uma câmera de vigilância”, que serão instaladas em centrais regionais, para dar apoio ao trabalho da Polícia Militar. “No Paraná, 85% dos municípios tem menos de 20 mil habitantes, são pequenos. Então não é inteligente colocarmos uma central de monitoramento em cada cidade. Poucas câmeras, bem localizadas, nas entradas e saídas dos municípios, com uma central regional, você consegue atender”, defendeu ele.
O custo total seria de R$ 500 milhões – os R$ 40 milhões via emenda impositiva seriam suficientes, segundo ele, para dar início ao projeto.
Ratinho também pediu ajuda aos parlamentares para garantir que o Paraná abrigue a sede de uma central de inteligência em segurança pública prevista para a região Sul, e que estaria sendo desenhada pelo governo federal. Na reunião, Cida pontuou que tal reivindicação já foi encaminhada pela sua gestão – “a sede vai ser sim em Curitiba”.
Adversários nas urnas, tanto Cida quanto Ratinho tentaram reforçar que agora o período deve ser de “união pelo Paraná”. “Pela primeira vez em muitos anos temos três senadores alinhados com o governo do Paraná. O presidente eleito [Jair Bolsonaro] também tem um bom relacionamento com o Paraná, alinhado com o governo do estado. Mas temos um profundo respeito por aqueles que não estiveram na nossa chapa. Que a gente possa criar uma agenda permanente em Brasília. A força da bancada é fundamental para conseguir recursos”, declarou Ratinho.
Fonte: Gazeta do Povo
Comentar