“Por misericórdia, eu espero que não nasça mais nenhum filho no Brasil, para que nenhuma mãe mais precise passar por isso.” Assim a deputada federal Christiane Yared (PR) se dirigiu aos magistrados que, na noite de quinta-feira (13/12), decidiram o tamanho da pena a ser aplicada ao ex-deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho, livrando-o do cumprimento em regime fechado (presídio). Por maioria, a 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça definiu que a punição pelas mortes de Carlos Murilo de Almeida e Gilmar Rafael Yared, em colisão de trânsito em 2009, deve ser inferior a 8 anos, o que significa direito ao semiaberto, que pode ser convertido em uso de tornozeleira eletrônica.

A decisão é uma reviravolta em relação ao rumo que havia sido dado no júri popular, realizado em fevereiro, quando Carli Filho foi condenado por duplo homicídio com dolo eventual (quando se assume o risco de matar). Na época, a dosimetria da pena, calculada pelo juiz Daniel Surdi de Avelar, indicava 9 anos e 4 meses, o que representaria pelo menos um ano e meio na prisão. A nova decisão, embora mantenha a condenação, reduz a pena. Ainda cabe recurso ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas uma reanálise do caso ainda pode levar muitos anos.

Yared, mãe de Gilmar Rafael, acompanhou as quase três horas de julgamento da apelação. Por várias vezes se emocionou e foi às lágrimas. No final, depois de anunciada a decisão e encerrada a sessão, ela se levantou e foi até o limite do espaço destinado ao público. Num rompante, em tom de voz suficientemente alto para ser ouvida, mas sem gritar, desabafou em apenas uma frase e saiu da sala.

Ela declarou várias vezes que não via a prisão de Carli Filho como uma vingança, já que nada seria capaz de trazer seu filho de volta ou amenizar a dor da perda, mas que esperava que o julgamento fosse simbólico, como forma de exemplo, para alertar sobre as consequências da irresponsabilidade no trânsito. Por isso, lamentou a redução da pena e disse que continuará lutando para que a punição pelos crimes de trânsito seja mais dura, como forma de evitar que mais vidas sejam perdidas para a violência das ruas.

Fonte: Gazeta do Povo

guazelli

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