O presidente Jair Bolsonaro assumiu, finamente, um lado na disputa entre os militares e os simpatizantes de Olavo de Carvalho. Após desautorizar, neste domingo (5), em sua conta do Twitter, fala do ministro Santos Cruz (Secretaria de Governo) sobre regulamentação da mídia, o presidente inflamou a ala que age para reduzir o espaço dos militares em sua gestão.
A reação dos quartéis veio rapidamente: “Não é construtivo para ninguém. É tudo que a esquerda deseja, nossa desunião e o desajuste de ideias”, resumiu um dos que atuam no Planalto.
O texto do presidente foi distribuído por simpatizantes que pedem a demissão do general.
Santos Cruz atua tanto na articulação política do governo quanto na publicidade. Há tempos sua atuação é questionada por olavistas que veem nele um entrave a manifestações mais incisivas de Bolsonaro nas redes.
Mais recentemente, integrantes da equipe econômica e outros técnicos reclamaram da mão firme com que o general segura a publicidade. Nas redes bolsonaristas, a campanha “Carlos Bolsonaro ministro” foi acoplada aos ataques a Santos Cruz.
Neste domingo de noite, Santos Cruz, passou cerca de uma hora reunido com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada. Segundo interlocutores, o ministro tomou a iniciativa de ir ao Palácio se explicar ao presidente após passar o dia sob ataques nas redes sociais. A hashtag #ForaSantosCruz se tornou um dos assuntos mais comentados do Twitter ao longo do dia.
Conversa dura
Na conversa com Bolsonaro, o ministro teria argumentado que não se tratava de um ato espontâneo, mas era alvo de uma ação coordenada, com a participação dos filhos do presidente, o chefe da Secretaria de Comunicação, Fábio Wajngarten, e assessores ligados ao ideólogo de direita, Olavo de Carvalho.
De acordo com um auxiliar do presidente, Bolsonaro reagiu e afirmou que o ministro estaria desviando do “foco central” da divergência, que seria o controle das redes sociais.
“Isso tem de ser feito. Mas tem de usar com muito cuidado, para evitar distorções, e que vire arma nas mãos dos grupos radicais, sejam eles de uma ponta ou de outra. Tem de ser disciplinado, até a legislação tem de ser aprimorada, e as pessoas de bom senso têm de atuar mais para chamar as pessoas à consciência de que a gente precisa dialogar mais, e não brigar”, disse Santos Cruz, na ocasião.
Apesar da conversa ter sido considerada “dura”, Santos Cruz segue no cargo. Nesta segunda-feira (6), Santos Cruz viaja a São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, em uma agenda da Secretaria Especial de Articulação Social, onde vai acompanhar trabalhos de atendimento de saúde à população indígena na fronteira.
Com informações do Painel, da Folha e do Globo
Reportagem: Revista Fórum.
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