Concluída nesta terça-feira (7), a eleição da diretoria da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) para o período 2019-2023 consolidou a vitória do grupo progressista, alinhado às ideias do Papa Francisco, e causou frustração e irritação entre bolsonaristas católicos.
Dom Joel Portella Amado, bispo auxiliar do Rio de Janeiro, foi eleito por 301 bispos para a secretaria-geral da entidade e vai ditar o dia a dia da instituição, em contato com líderes da igreja em todo o país.
O presidente será dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte, que é visto como moderado e conciliador, assim como seus vices, dom Jaime Spengler (Porto Alegre) e Mário Antonio Silva (Roraima). A posse da nova diretoria será na sexta-feira (10), encerrando a 57ª assembleia da CNBB.
Bolsonaristas
O resultado foi imediatamente criticado por conservadores católicos, que têm como principal porta-voz hoje o youtuber paranaense Bernardo Küster, doutrinado por Olavo de Carvalho, que se tornou algoz da agremiação dos bispos nas redes sociais.
“A CNBB trocou seis por meia dúzia”, protestou Küster, que é simpático a Bolsonaro e incensado por grupos de direita. Na comparação feita por ele, “tiraram Lula e colocaram o Luiz Inácio da Silva”.
Aliados de Jair Bolsonaro (PSL) lamentaram a derrota dos conservadores, tacharam dom Walmor de “politiqueiro petista” e o acusaram de promover a chamada “ideologia de gênero”.
Indiretas
Também nesta terça-feira, sem citar diretamente Bolsonaro, a CNBB publicou uma mensagem com críticas às principais bandeiras do governo.
A entidade, que já havia se posicionado contra a Reforma da Previdência – uma “tentativa cruel de demolir direitos” -, atacou pontos como o estímulo ao liberalismo econômico, a ausência de medidas eficazes para combater o desemprego, o corte de verbas para a área da educação, a extinção de conselhos de participação da sociedade, a flexibilização das regras sobre armas e a interferência em terras indígenas e quilombolas.
Também se colocaram contra a criminalização dos defensores de direitos humanos e pregaram o combate a qualquer tipo de discriminação, preconceito e ódio. Os problemas apontados pelos bispos fazem parte do documento “Mensagem da CNBB ao povo brasileiro”.
Reportagem: Revista Fórum.
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