O porteiro que citou o presidente Jair Bolsonaro (PSL) em depoimento à polícia vive acuado e não voltou ao trabalho desde que o nome dele veio à tona. A revista Veja conseguiu localizar a casa onde o funcionário do condomínio Vivendas da Barra mora. Abordado pela reportagem, ele se limitou a dizer: “Eu não estou podendo falar nada. Não posso falar nada”.

O nome de Alberto Jorge Ferreira Mateus, morador do bairro Gardênia Azul, no Rio de Janeiro, ganhou destaque na semana passada quando o Jornal Nacional, da TV Globo, divulgou informações de que ele teria citado o nome de Bolsonaro no inquérito que apura a morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

Na ocasião, de acordo com o porteiro, um dos acusados pelo crime, Élcio Queiroz teria ido ao condomínio e pedido para ir à casa 58, que pertence ao chefe do Executivo. O funcionário disse ainda que teria falado com “Seu Jair“, que autorizou a entrada.

A versão, no entanto, foi logo desmentida. O próprio Jornal Nacional informou que no dia do crime, Bolsonaro estava em Brasília — quando era deputado federal — e teve o nome registrado no painel eletrônico. O Ministério Público do Rio de Janeiro também anunciou que, após perícia, foi constatado no áudio que o porteiro abordado por Queiroz não era Alberto, mas Tiago Izaias e o suspeito pediu para ir à casa de Ronie Lessa outro investigado pela morte de Marielle.

Desde que viu o nome envolvido no inquérito, o porteiro não voltou ao trabalho. Segundo a revista, a licença dele acabaria no dia 1º de novembro, mas foi estendida. A reportagem diz ainda que, por ser querido no condomínio, haverá uma assembleia para discutir a possibilidade de os moradores pagarem um advogado para Alberto.

Na rua onde o porteiro mora com a esposa, vizinhos e parentes não sabem dizer como o porteiro foi parar no centro das investigações. Eles classificam Alberto como um homem discreto, que não vai a bares nem a festas, e, no fim de semana, é sempre visto a caminho da igreja, sempre com uma bíblia nas mãos. Muitos, inclusive, demoraram a descobrir que ele trabalhava no condomínio onde o presidente tem uma casa.

A família vive momentos de tensão. No sobrado onde moram 15 parentes, uma tia da mulher de Alberto contou à reportagem que tem tomado remédio para pressão. Outro se disse temeroso, pois o porteiro tem medo de perder o emprego e “até de morrer”.

Moradores do condomínio Vivendas da Barra não descartam ainda a possibilidade de o porteiro ter mentido no depoimento para proteger Ronnie Lessa. Isso porque o bairro Gardênia Azul onde ele mora está próximo à favela Cidade de Deus, reduto de milícias que agem na Zona Norte do Rio de Janeiro.

Reportagem do site Metrópoles.

guazelli

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