Investigado por prevaricação no caso das compras da vacina Covaxin, Jair Bolsonaro (Sem partido) agora terá que conviver com um suposto caso das chamadas “rachadinhas”, que foi revelado antes mesmo que ele assumisse a Presidência da República.

Em uma série de reportagens publicada nesta segunda-feira (5) pelo portal Uol, a jornalista Juliana Dal Piva revela um áudio em que a fisiculturista Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada do presidente, confirma que Jair comandava o esquema de corrupção em que funcionários fantasmas dos gabinetes dele e dos filhos – Flávio e Carlos – devolviam até 90% dos valores recebidos em salários para o clã.

 No áudio, Andréa revela que o irmão, André Siqueira Valle, foi exonerado do gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados em 2007 por não devolver “o dinheiro certo que tinha que ser devolvido”, de cerca de 90% do salário. Andréa e André são irmãos de Ana Cristina Valle, segunda esposa de Jair e mãe de Jair Renan Bolsonaro.
“O André deu muito problema porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6.000, ele devolvia R$ 2.000, R$ 3.000. Foi um tempão assim até que o Jair pegou e falou: ‘Chega. Pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo’. Não sei o que deu pra ele”, diz Andrea no áudio (ouça no fim da reportagem).

Antes de ser nomeado na Câmara Federal por Jair, onde ficou entre dezembro de 2006 e outubro de 2007 na Câmara Federal, André foi funcionário do gabinete de Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) por dois períodos – entre agosto de 2001 e fevereiro de 2005 e de fevereiro a novembro de 2006.

Na época, André chegou a morar na casa de Jair e da irmã, no Rio de Janeiro. Atualmente, ele vive em Resende, no interior do Estado, onde reside a maior parte da família de Ana Cristina.

Ferrar a vida de Jair
O áudio obtido pela jornalista é do dia 6 de outubro de 2018, véspera do primeiro turno das eleições. As gravações mostram que Andrea estava preocupada com o fim da “mesada” que recebida como funcionária fantasma no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), de onde foi exonerada em agosto do mesmo ano.

A fisiculturista confessa que sabe “muita coisa”, que pode “ferrar a vida” de Jair e dos filhos.

“Não é pouca coisa que eu sei, não. É muita coisa que eu posso ferrar a vida do Flávio, posso ferrar a vida do Jair, posso ferrar a vida da Cristina. Entendeu? Então, é por isso que eles têm medo e manda (SIC) eu ficar quietinha, não sei o que, tal. Entendeu? É esse negócio aí”, diz.

Andrea ainda revela que além de Fabrício Queiroz, o coronel do Exército Guilherme dos Santos Hudson, ex-colega de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), fazia a coleta do dinheiro junto aos funcionários.

“O tio Hudson também já até tirou o corpo fora porque quem pegava a bolada era ele. Quem me levara e buscava no banco era ele”, disse ela.

“Na hora que eu estava aí fornecendo também e ele estava me ajudando porque eu ficava com mil e pouco e ele ficava com sete mil reais, então assim, certo ou errado agora já foi, não tem jeito de voltar atrás”, emenda.

Em outras duas reportagens, a jornalista revela que Márcia Aguiar, esposa de Fabrício Queiroz, tratava Jair Bolsonaro como “01”, em conversa com a filha do assessor, Nathália Queiroz, que também atuou como funcionária fantasma no gabinete de Bolsonaro.

A terceira reportagem da séria revela como o “tio Hudson” era o responsável por recolher parte da propina dos salários pagos aos funcionários fantasmas dos gabinetes de Flávio na Alerj.

Ouça os áudios divulgados pelo Uol:

 Reportagem de Plinio Teodoro, da Revista Fórum.

guazelli

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