Um incêdio de grandes proporções atingiu, no início da noite desta quinta-feira (29), um galpão da Cinemateca Brasileira, que fica na Vila Leopoldina, Zona Oeste de São Paulo.

O Corpo de Bombeiros controlou as chamas com nove viaturas. Não houve informações sobre vítimas e a causa do incêndio pode ter iniciado no ar-condicionado, no primeiro andar.

O mesmo galpão já havia sido atingido por um incêndio em 2016 e, na ocasião, cerca de 500 obras foram destruídas pelas chamas. A sede principal do órgão, que fica na Vila Mariana, não foi atingida.

A Cinemateca Brasileira é um órgão vinculado à secretaria de Cultura do governo federal, comandada por Mário Frias, e é responsável por preservar a memória do audiovisual no Brasil. Em seus galpões, armazena mais de 250 mil rolos de filmes e um milhão de documentos.

 Nos últimos anos, inúmeros equipamentos culturais brasileiros sofreram com incêndios. O Museu da Língua Portuguesa, também em São Paulo, por exemplo, ardeu em chamas em 2015. Já em 2018 o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, também foi consumido pelo fogo.

Leia a nota da Secretaria de Cultura na íntegra:

“A Secretaria Especial da Cultura lamenta profundamente e acompanha de perto o incêndio que atinge um galpão da Cinemateca Brasileira, em São Paulo (SP). Cabe registrar que todo o sistema de climatização do espaço passou por manutenção há cerca de um mês como parte do esforço do governo federal para manter o acervo da instituição. A Secretaria já solicitou apoio à Polícia Federal para investigação das causas do incêndio e só após o seu controle total pelo Corpo de Bombeiros que atua no local poderá determinar o impacto e as ações necessárias para uma eventual recuperação do acervo e, também, do espaço físico. Por fim, o governo federal, por meio da secretaria, reafirma o seu compromisso com o espaço e com a manutenção de sua história.”

Em abril, trabalhadores alertaram sobre risco de incêndio

A Cinemateca Brasileira está fechada e sem funcionários trabalhando no local desde 2020.

Em abril deste ano, trabalhadores do órgão divulgaram um manifesto criticando o descaso do governo federal e alertando sobre os riscos de incêndios em suas instalações.

“O risco de um novo incêndio é real. O acompanhamento técnico contínuo é a principal forma de prevenção. A situação do acervo em acetato de celulose também é crítica. O conjunto está estimado em torno de 240 mil rolos, e corresponde à maior parte do acervo audiovisual da Cinemateca Brasileira. Tal acervo demanda temperatura e umidade constantes e, na falta de tais condições, sofre aceleração drástica de seu processo de deterioração. O acompanhamento técnico e as demais ações de preservação, inclusive processamento em laboratório, também são vitais”, diz um trecho do documento.

“Diante deste quadro preocupante, solicitamos esclarecimentos à Secretaria Nacional do Audiovisual (SAv) sobre a efetivação do plano emergencial, anunciado pelo secretário especial de Cultura Mário Frias em dezembro de 2020. Reivindicamos ainda o pronto lançamento do edital prometido desde julho de 2020 para seleção da nova Organização Social responsável pela gestão da Cinemateca Brasileira, assim como a garantia dos recursos necessários para dirimir problemas decorrentes da suspensão dos trabalhos, para o pleno funcionamento da instituição e para a construção de uma solução perene para a instituição”, prosseguem os trabalhadores.

 Reportagem de Ivan Longo, da Revista Fórum.

guazelli

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