Para o cientista político Sérgio Braga, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), ao insistir no voto impresso e descumprir as decisões das cortes superiores da Justiça brasileira, o presidente Jair Bolsonaro está questionando antecipadamente uma possível derrota na próxima eleição presidencial, em 2022.
Braga afirma que isso é um risco para o sistema democrático do país. E cita exemplos de casos semelhantes ocorridos recentemente, como nos EUA, Bolívia e Peru.
“O voto impresso não depende do presidente, mas sim do Congresso Nacional. E ele não pode afirmar que só reconhecerá a eleição se for o vencedor. O presidente precisa lembrar que foi eleito sete vezes. E que nunca antes contestou as regras eleitorais”, disse o cientista.
Braga foi o entrevistado do Verdade & Expressão dessa segunda-feira (2). Conduzido pelo advogado Rafael Guazelli, além do voto impresso, o programa – que está disponível nas redes sociais – abordou outros temas, como a postura das Forças Armadas e do Congresso na atual conjuntura política nacional.
“Nada impede que o voto impresso seja debatido. E como chefe de Estado, Bolsonaro pode questioná-lo. Mas não pode duvidar publicamente da legitimidade da eleição de forma antecipada. Se aceitarmos isso, o Brasil se transformará numa república de bananas. E as Forças Armadas deveriam se manifestar sobre o assunto”, defendeu.
Outros assuntos discutidos foram a saída do ex-senador Roberto Requião do PMDB e a movimentação para a eleição de 2022 no Paraná. “O velho MDB de guerra só existia na cabeça do Requião. Mas o ex-senador tem um grande legado no Estado e pode ser um nome forte contra o atual governador Carlos Massa Ratinho Júnior”, finalizou.
Reportagem de Valdeci Lizarte, para o Verdade&Expressão.
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