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Vice-presidente da CPI do Genocídio, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) agora trabalha para que o Senado abra uma CPI do Bolsolão – isto é, uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as emendas do chamado “orçamento secreto” que vêm sendo utilizadas pelo governo Bolsonaro para, supostamente, “comprar” o apoio de parlamentares.

“ATENÇÃO! Começamos a reunir assinaturas para aprovar a criação da CPI do Orçamento Secreto (CPI do Bolsolão)!”, anunciou o senador nesta terça-feira (9), pouco após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que, por maioria, suspendeu os repasses bilionários dessas emendas em meio à votação da PEC dos Precatórios, de interesse do governo Bolsonaro, na Câmara.

Esse repasse de emendas, apelidado de “Bolsolão”, voltou a ser alvo de discussão após a primeira votação da PEC dos Precatórios na última semana. A proposta foi aprovada em primeiro turno após o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), liberar bilhões em emendas deste orçamento secreto para, supostamente, comprar o apoio de deputados ao projeto.

Na Câmara, pedido por CPI do Bolsolão já tem 60 assinaturas; entenda

O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) vem trabalhando para rearticular o pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito com o objetivo de investigar o “orçamento secreto” liberado pelo governo Bolsonaro para, supostamente, comprar apoio de parlamentares. Seria a “CPI do Bolsolão”. Até o momento, 60 deputados assinaram o pedido de abertura de investigação.

“Orçamento secreto” é o nome com o qual vem se chamando as emendas de relator para o Orçamento da União. Essas emendas seguem um rito diferente de outras, que transitam por um rito rígido, atendendo a critérios específicos, para que haja um equilíbrio e uma equivalência entre todos os parlamentares que compõem a Câmara. A prática nada mais é do que um acordo informal que permite ao governo, por meio da direção da Casa, liberar recursos bilionários para que deputados passem a apoiar as propostas encaminhadas pelo Executivo ao Legislativo.

Deputados relataram que, além de encampar manobras regimentais, Lira chegou a oferecer liberações de R$ 15 milhões para quem decidisse votar a favor da PEC de última hora. A PEC foi aprovada com um margem bastante apertada, com apenas 4 votos além do necessário. Segundo o Estadão, o montante oferecido por Lira apenas nessa votação chega a R$ 1,2 bilhão.

Essa liberação de recursos para a aprovação da PEC dos Precatórios é base para uma ação do PSOL no Supremo Tribunal Federal (STF). Na sexta-feira (5), a ministra Rosa Weber suspendeu a execução dessas emendas e, nesta terça-feira (9), a decisão foi confirmada pela maioria dos ministros da Corte.

Escândalo é questionado desde maio

Ivan Valente havia apresentado requerimento para abertura da CPI do Bolsolão em maio deste ano, isto é, antes de se vir à tona que Lira estava utilizando o “orçamento secreto” para aprovar a PEC dos Precatórios. À época, o jornal Estadão fez a primeira denúncia de como funciona o esquema.

O periódico trouxe à tona que Jair Bolsonaro montou, no final de 2020, um orçamento secreto e paralelo no valor de R$ 3 bilhões em emendas para comparar congressistas. Boa parte do dinheiro era destinada à compra de tratores e equipamentos agrícolas por preços até 259% acima da referência. Um conjunto de 101 ofícios foi encaminhado, por deputados e senadores, ao Ministério do Desenvolvimento Regional para apontar como eles preferiam utilizar os recursos comprova a farra com dinheiro público.

Os ofícios, obtidos pelo Estadão, indicavam que o esquema passa por cima das leis orçamentárias, pois é atribuição dos ministros definir onde e como aplicar os recursos. Além disso, prejudica o controle do Tribunal de Contas da União (TCU).

“O Ministério do Desenvolvimento Regional deveria executar seus recursos buscando corrigir as disparidades regionais e priorizar os municípios em pior situação socioeconômica. Ao executar seus recursos em benefício daqueles que votam a favor do Governo, a pasta subverte essa lógica, prejudicando a população, desviando-se de sua finalidade e convertendo-se em um verdadeiro balcão de negócios, situação que viola dezenas de dispositivos que são de observância obrigatório para qualquer gestor público”, escreveu Valente ao apresentar o requerimento de abertura da CPI.

Nova articulação pela CPI

Agora, com essas emendas sendo utilizadas para aprovar a PEC dos Precatórios, o deputado decidiu fazer uma nova ofensiva de coleta de assinaturas. Até o momento, o pedido de abertura da CPI conta com o apoio de 60 deputados – segundo o que revelou o psolista à Fórum. Para abrir uma CPI, são necessárias 171 assinaturas.

À reportagem, Ivan Valente informou que vai tentar coletar mais assinaturas entre esta segunda-feira (8) e os próximos dias, e que o assunto está na pauta de reunião entre deputados do bloco da Minoria.

“Vamos para cima [para coletar assinaturas] de outros parlamentares (…) Essas emendas de relator são uma excrescência. Isso aí tem nome: é ‘toma lá, dá cá’, é corrupção. É fidelização de uma base parlamentar para impedir o impeachment ou para votar em toda a agenda governamental em troca de dinheiro”, atesta o congressista. “Isso é compra de votos, é escandaloso”, completa.

Reportagem de Ivan Longo, da Revista Fórum.

guazelli

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