O apoio à democracia aumentou no Brasil. Pelo menos sete em cada dez brasileiros (73%) consideravam em novembro de 2022, logo após as eleições, que a democracia é sempre a melhor forma de governo. Em 2019, 58% dos brasileiros tinham essa opinião. Para 11% um governo autoritário é melhor em algumas situações, enquanto que para 9% tanto faz ter um governo democrático ou autoritário. Outros 6% não sabiam ou não responderam. Os dados estão na 20ª edição da pesquisa Panorama Político do DataSenado.
Realizada de 8 a 26 de novembro de 2022, a pesquisa ouviu, por telefone, 2.007 cidadãos de 16 anos de idade ou mais, em amostra representativa da população para avaliar a opinião dos brasileiros sobre uma série de temas, entre eles democracia, atuação do Senado Federal, fake news e algumas das principais questões em debate no país durante o último ciclo eleitoral, como a manutenção de benefícios sociais, a redução da maioridade penal e a criação de imposto sobre grandes fortunas.
O material serve de subsídio para os senadores neste período de reinício dos trabalhos legislativos. Ao longo da semana a Agência Senado vai destrinchar alguns desses números.
Democracia
Em comparação com edições anteriores da pesquisa, houve também uma redução do índice de insatisfação com a democracia. O levantamento revela que o número de pessoas muito satisfeitas em relação à democracia cresceu de 10%, no final de 2021, para 18%, em 2022. A explicação está na queda de 9 pontos percentuais daqueles que se declaram pouco satisfeitos e que agora representam 49% dos brasileiros. Já o grupo que não está nada satisfeito com a democracia no Brasil se manteve constante e corresponde a 28% da população. A informação da elevação do patamar daqueles que apoiam a democracia incondicionalmente foi recebida como um alento por senadores.
— Em 2019, 58% dos brasileiros consideravam que a democracia era a melhor forma de governo. Esse patamar evoluiu para 67%, em 2021, e 73%, em 2022. Isso consolida a ideia de que estamos defendendo um regime capaz de promover inclusão, capaz de garantir a livre expressão e o respeito à institucionalidade. É um dado que eu julgo muito importante — disse a senadora Teresa Leitão (PT-PE).
Avaliação semelhante tem Paulo Paim (PT-RS). A pesquisa, apontou o senador, evidencia que a maioria apoia o estado democrático de direito.
— O país está no caminho certo. A cada eleição a nossa democracia e as instituições públicas se fortalecem.
Efraim Filho (União-PB) e Eliziane Gama (PSD-MA) destacaram que os dados coletados pelo DataSenado servem de apoio para o exercício de seus mandatos e podem embasar a apresentação de projetos e o trabalho de fiscalização de políticas públicas.
— Ser um representante do povo é saber ouvir suas necessidades e reivindicações e levá-las ao Legislativo na forma de luta por melhorias. As pesquisas do DataSenado nos auxiliam a exercer na prática o real sentido da democracia: trabalhar pelo povo e para o povo — afirmou Efraim.
Eliziane Gama (PSD-MA) acrescentou que o Panorama Político é “um retrato de como pensa a nossa sociedade”.
— Pesquisas como essa têm um valor imenso, pois nos ajudam a construir políticas públicas que se alinham aos anseios da população. O estudo do DataSenado é precioso — disse.
Politização
A maior politização da população foi identificada pelo DataSenado. Em 2021, 55% dos brasileiros não se consideravam nem de esquerda, nem de direita ou de centro. Em 2022, esse índice caiu para 38%, já que mais brasileiros se posicionaram como sendo de esquerda (17%) ou de direita (31%). E a politização veio com maior polarização, segundo o DataSenado. O grupo que se posicionou à direita aumentou em 10 pontos percentuais enquanto que aquele que se identificou com a esquerda foi ampliado em 6 pontos percentuais. O grupo de pessoas que se consideram de centro (9%) manteve-se igual em 2021 e 2022.
De acordo com o coordenador da Pesquisa, José Henrique Varanda, as eleições de outubro de 2022 impactaram de maneira significativa a opinião pública.
— A pesquisa se deu em um contexto pós-eleitoral, momento este que teve impacto no levantamento. Isso fica evidenciado na politização da população brasileira nesse momento. Nota-se também uma maior polarização política. Isso pode ser evidenciado pelo posicionamento político dos entrevistados. A gente notou uma queda de 17 pontos percentuais naqueles que não acreditam estar posicionados nem à esquerda, nem à direita e nem ao centro. As pessoas estão engajadas e efetivamente assumiram lados — argumentou Varanda.
Senado
Em relação ao papel do Senado de elaborar leis que ajudem o país, 50% dos brasileiros consideram que o Senado cumpre mais ou menos esse papel e 10% avaliam que cumpre bem esse papel, representando um aumento de 11 pontos percentuais desses dois itens somados, em relação ao ano anterior.
A mesma dinâmica de melhoria na avaliação do Senado se observa em relação ao papel de fiscalizar as ações do governo federal. Cerca de 30% declaram que acompanham as atividades do Senado com alguma regularidade, o que reforça, segundo o DataSenado, a importância e a demanda pelos instrumentos de transparência e comunicação social disponibilizados pela Casa. Desses, 9% afirmam acompanhar o trabalho do Senado todos os dias.
Urnas
A maioria dos brasileiros, 58%, concorda com a afirmação de que “o resultado das urnas eletrônicas em eleições é confiável”. Houve queda de oito pontos percentuais nesse nível de concordância e aumento no nível de discordância.
Quase a totalidade, 93%, dos brasileiros que se declaram à esquerda na política concordam com a afirmação, bem como 75% dos posicionados ao centro e 69% dos que não se identificam com nenhuma das posições políticas. Em contraste, 78% daqueles que se posicionam mais à direita não confiam nas urnas eletrônicas.
Fake news
A pesquisa investigou ainda a percepção sobre notícias falsas relacionadas ao tema “política”. Praticamente nove entre dez brasileiros (89% dos entrevistados) acreditam ter recebido fake news pelas redes sociais.
Aplicada desde 2008, a pesquisa Panorama Político já entrevistou 34.668 cidadãos ao longo dos anos.
Agência Senado.
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