As especulações de que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro estaria sendo preparada pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, para lançar-se na política podendo concorrer a um cargo majoritário não tem agradado em nada o núcleo principal do clã Bolsonaro composto por Jair e seus filhos Flávio, Eduardo e Carlos.
É de conhecimento público que Michelle não tem boa relação com os filhos do ex-presidente, em especial com Carluxo. Para Jair Bolsonaro, a insistência de Valdemar em estimular uma futura candidatura da ex-primeira-dama a um cargo majoritário pode levar ao “rompimento do bolsonarismo com o PL”. A justificativa: os filhos não aceitariam “de jeito nenhum”.
De acordo com a coluna Tales Faria, no Uol, o recado foi enviado diretamente dos EUA, onde Bolsonaro se refugia desde 31 de dezembro de 2022 quando saiu do Brasil a fim de evitar a posse de Lula (PT). Foram dois parlamentares do partido que levaram a Costa Neto a mensagem de que a família não aceitaria Michelle candidata a prefeituras, governos estaduais ou à presidência da República enquanto seguisse casada com Jair.
Nem o anúncio feito por Valdemar, em evento do PL na última sexta-feira (17), em Niterói (RJ), de que Flávio será o candidato do partido à Prefeitura do Rio, acalmou os ânimos entre família e partido. Michelle deve assumir na próxima terça-feira (21) o cargo de presidente do PL Mulher.
De acordo com avaliação interna do clã, a mídia e os setores menos radicalizados da direita estariam tentando encampar novas lideranças para não ficarem reféns da popularidade dos bolsonaros junto ao eleitorado de direita e extrema direita. Aliados do ex-presidente afirmaram à coluna que Flávio e Eduardo seriam os principais obstáculos para o surgimento de novas lideranças e tentam manter forte controle sobre os diretórios regionais do PL e do Republicanos (no caso de Carluxo).
O filhos do ex-presidente o tratam como o único líder possível para a extrema direita brasileira e até aliados formais como os governadores Cláudio Castro, do Rio de Janeiro, e Tarcísio Freitas, de São Paulo, são vistos como rivais.
Experiente, Valdemar entende a dinâmica e busca contornar a situação e ao mesmo tempo manter o projeto de lançar Michelle na política. Ele irá mantê-la como presidente do PL Mulher mas sem a promessa de uma candidatura majoritária.
Reportagem de Raphael Sanz, da Revista Fórum.
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