O primeiro dia da consulta sobre a militarização de escolas da rede pública estadual foi um show de violações das recomendações do Ministério Público do Trabalho do Paraná, que determinou ao governo estadual que se abstenha de práticas antissindicais durante os dois dias de votação.

A APP montou 14 equipes para acompanhar a consulta nas escolas de Curitiba. Um dos mais problemáticos foi o Colégio Estadual Luiza Ross, no Boqueirão. A direção impediu que os(as) representantes da APP ficassem dentro da escola, obrigando-os a ficar na chuva do lado de fora. Depois do constrangimento, a presença da APP na escola foi autorizada, como recomenda o MPT.  

“Essa escola foi a que mais deu problema para nós. Primeiro mandando a gente para fora na chuva, depois criando dificuldade para alunos votarem, e em seguida, na saída do turno, com a presença de pessoas exaltadas, que não são pais de alunos, fazendo vídeo, brigando e chamando a polícia”, diz Natália dos Santos da Silva, presidente do Núcleo Curitiba Sul da APP. 

“A polícia veio e ainda faz B.O. contra a gente. Com a pessoa que estava exaltada e criando confusão, eles ficaram batendo papo. Até a polícia tem lado”, conta Natália. Segundo ela, o homem foi contestado por estudantes indignados com o que ele estava fazendo.  

A dirigente conta que a direção da escola queria impedir que alunos votassem por estar sem documento de identidade, o que é irregular. O caso mostra a importância da presença da APP nas escolas para tentar garantir a lisura da consulta.

“Quando os alunos estavam saindo, perguntei se tinham votado e disseram que não, porque não tinham documento. Eu disse ‘vocês vão votar pois a legislação garante’. Não queriam deixar eles entrarem de volta para votar. Tive que fazer bastante barulho, aí autorizaram. Todos votaram. Eram cerca de 10 alunos”, relata Natália.

As perspectivas nas votações noturnas são positivas, avalia Natália, pois a militarização acaba com o ensino noturno, deixando muitos estudantes desamparados. Onde tem ensino noturno a rejeição à militarização é maior.

Valdete Menezes Souza tem uma filha na Luiza Ross e votou contra a militarização do Luiza Ross. “Já tem muita injustiça fora da escola, na sociedade em geral, não precisamos de mais”, disse. Ela considera que os militares que atuam nas escolas passam por cima da autoridade dos pais, ao tentar impor disciplina aos estudantes. “A gente não cria filho pra isso, não”, afirma.

Natália concorda com Valdete e argumenta que na escola cada um tem sua função, de acordo com o seu preparo profissional. Militares aposentados não têm treinamento para educar. “Eu não posso pegar uma arma e ficar dando segurança na porta do colégio. Da mesma forma, militar não pode ensinar”, resume.

Intimidação

Pela manhã, um preposto do Núcleo Regional de Educação de Curitiba tentou intimidar estagiária de jornalismo da APP e o professor e dirigente sindical Daniel Matoso. Essa é mais uma violação da recomendação publicada pelo Ministério Público do Trabalho, que orientou a Secretaria da Educação a NÃO criar impedimentos ao Sindicato durante a consulta sobre o modelo cívico-militar.

O fato ocorreu em frente à escola Santa Felicidade, ameaçada pela militarização. O Sr. Pedro Kiochi Kondo também impediu a APP de acessar a escola para fiscalizar a votação.

O preposto ainda se negou a verificar a denúncia da APP de que materiais a favor da militarização foram enviados nos grupos institucionais da escola, o que tem se repetido em todo o Paraná, sem qualquer direito a contraponto.

ASCOM – APP Sindicato.

guazelli

Todos Posts

Comentar

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Arquivos

Publicidade

Anuncie aqui