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De um Plano Urbanístico Emergencial de Reconstrução surge o Plantear. Em 2018, a Comunidade 29 de Março no Paraná enfrentou um desastre: um incêndio criminoso após uma ação violenta da Polícia Militar, deixando quase uma centena de famílias desalojadas. Diante dessa adversidade, surgiu uma rede de apoio emergencial formada por diversas organizações, coletivos e voluntários com o objetivo de ajudar a reconstruir essa comunidade e mitigar os impactos nas vidas das famílias afetadas.

O resultado desse esforço colaborativo foi notável, professores e estudantes da UFPR e UTFPR, em conjunto com voluntários de organizações não governamentais, elaboraram o Plano Urbanístico Emergencial de Reconstrução da Comunidade 29 de Março (PLUE 29 de março) em apenas 10 dias. Esse plano não apenas demonstrou a capacidade de atuação da universidade em questões sociais, mas também desencadeou um movimento maior de apoio às demandas das comunidades, no diálogo com instituições públicas e movimentos sociais. 

A partir desse marco, nasceu o coletivo de extensão Planejamento Territorial e Assessoria Popular (Plantear). Atualmente, o projeto atende mais de 10 comunidades rurais e urbanas, em todo o Paraná e é conduzido pelos professores: José Ricardo Faria (Engenharia Civil), Daniele Pontes (Direito), Marcelo Andreoli (Arquitetura), Ricardo Prestes Pazello (Direito) e Jorge Montenegro (Geografia) além de estudantes de graduação e pós-graduação. Hoje são mais de 30 pessoas engajadas e colaborando para o mesmo propósito a partir da extensão universitária, articulada com atividades de ensino e pesquisa.

“A primeira coisa em nossa avaliação que a universidade trouxe para o Maila foi a Esperança. Estávamos em um processo de intervenção federal e íamos ser despejados em 2017, e o projeto nos mostrou os gráficos e tantas outras coisas que nós não tínhamos conhecimento. O que me deixou bastante impressionada foi saber o quanto a mata nativa tinha sido recuperada com esse trabalho do coletivo em nossa comunidade. É um trabalho que salva vidas, traz dignidade e esperança de um futuro melhor”.

Para a professora Daniele Pontes, o papel do Plantear é informar e trazer informação, entendimento e análise sobre questões territoriais. Segundo a professora, o respeito pelos saberes e conhecimentos das comunidades é fundamental, embora, muitas vezes, esse conhecimento seja subjugado por não estar no formato da linguagem burocrática da acadêmica ou do judiciário.

“O nosso papel, de certa forma, é trazer essas informações, trazer esse conhecimento para esta linguagem técnica, ao mesmo tempo que se produz outro conhecimento junto com este. Então nós nos somamos aos conhecimentos absolutamente importantes e relevantes dessas comunidades. Sem os conhecimentos delas, também não seria possível produzir essas informações. Então o que nós fazemos também é reunir e sistematizar esses conhecimentos e levar ele para essa outra esfera de debate e de discussão que tem repercussões práticas na possibilidade de permanência e manutenção das populações nesses territórios.”

Esse trabalho tem permitido que as falas e conhecimentos desses sujeitos cheguem ao sistema judiciário, dando visibilidade para as lutas e reivindicações das comunidades dentro do aparato estatal, evidenciando questões que antes não eram vistas pelo sistema.

Além disso, o trabalho do Plantear vai além, busca identificar outros elementos que se somam a esses elementos da comunidade, que são, segundo a professora, parte de uma história do próprio Brasil, seja no direito, seja na cartografia, na engenharia, no projeto. Este é o trabalho que o grupo faz conjuntamente com as comunidades, trabalhando, a partir das demandas da própria comunidade, na elaboração de análises, reflexões e apresentando esses debates na construção de projetos e consensos, que possam melhorar a vida dos sujeitos daquele território.

”Então, o que nós fazemos quando demandados nesses projetos, nesses processos também de comunidades, é tentar fazer o possível para responder a essas demandas com os conhecimentos dispostos por nós, seja nas áreas de direito, engenharia, geografia, arquitetura, geologia”, finalizou. 

Via assessoria.

guazelli

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