A diretora executiva da organização não governamental Anistia Internacional, Jurema Werneck, pediu que as autoridades do estado do Rio de Janeiro se comprometam com a solução do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, que completou na última segunda-feira (14) dez meses. Até agora, as investigações não foram concluídas.
“O ano de 2018 terminou sem que o estado do Rio de Janeiro, sob intervenção federal na área de segurança pública, tenha conseguido solucionar o caso. A nova gestão do governo do estado tem o dever de assumir esta responsabilidade e não deixar o caso sem solução. O novo governador e o novo chefe de polícia deveriam vir a público se comprometer com a investigação correta do assassinato de Marielle Franco desde o início de sua gestão”, afirmou.
A diretora ressalta que a demora na solução do crime tem impactos negativos na área de direitos humanos, da qual Marielle Franco era ativista. “Gera uma espiral de medo e silêncio entre ativistas, defensores de direitos humanos, jovens, mulheres negras, comunidade LGBT e todas as pessoas e grupos que, de alguma forma, ela representava. Mas, além disso, há uma enorme preocupação com o fato de que algumas das altas autoridades do estado do Rio de Janeiro estiveram envolvidas em um episódio de violência contra a memória e a imagem de Marielle”.
Ela se referiu à campanha eleitoral do ano passado, quando uma placa em homenagem a Marielle Franco, colocada em frente à Câmara Municipal, na Cinelândia, região central da cidade, foi retirada pelos então candidatos a deputado estadual, Rodrigo Amorim, e a deputado federal, Daniel Silveira. A placa foi utilizada em um ato de campanha do novo governador Wilson Witzel.
“Ao depredar a placa e proferir aquelas palavras hostis e ofensivas, os três candidatos estavam atacando e desqualificando também os defensores de direitos humanos, as mulheres negras, os jovens de favela, as pessoas LGBT”, destacou. A diretora da organização salientou que a não solução do caso até o momento é inaceitável e prometeu que, “como movimento global, a Anistia Internacional seguirá mobilizada até que os mandantes e executores sejam levados à justiça e responsabilizados”.
No último sábado (12), o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, disse que as investigações estão próximas de um desfecho. “Talvez isso aconteça até o final desse mês”, afirmou, após reunião com secretariado no Palácio Guanabara, em Laranjeiras, zona sul da capital fluminense.
Nesta segunda-feira, Witzel afirmou que não teve acesso ao processo, que está em segredo de justiça, mas defendeu que uma resposta seja apresentada à sociedade rapidamente e comentou sobre as investigações conduzidas pela polícia e o Ministério Público. “Me parece que as duas têm que andar juntas. Se não for possível, aquela que estiver mais adiantada que dê a resposta para sociedade. Se você tem uma investigação mais adiantada na polícia, que a polícia já apresente logo o resultado”, disse, acrescentando: “É muito melhor apresentar muitas vezes um resultado parcial de uma investigação. O inquérito pode ser cindido e continuar a investigação em outros fatos”.
Agência Brasil.
Imagem: Arquivo Agência Brasil.
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