A ida de Sérgio Moro para o Ministério da Justiça de Jair Bolsonaro desagradou boa parte dos integrantes da força-tarefa da Lava Jato, segundo novos vazamentos do The Intercept Brasil. Na visão deles, o ex-juiz colocou em dúvida a legitimidade e o legado da operação. Segundo os procuradores, os questionamentos éticos envolvidos na situação poderiam dar razão às alegações de que a Lava Jato tinha motivações políticas.

Em 6 de novembro, dias depois de o ex-juiz ter aceitado o convite, até mesmo Deltan Dallagnol, o procurador mais fiel a Moro, admitiu estar preocupado com os problemas causados à reputação e à credibilidade do trabalho realizado por cinco anos pela operação Lava Jato.

Quando o alinhamento de Moro com o bolsonarismo se concretizou, até os principais apoiadores do ex-juiz passaram a expressar descontentamento antigo com as transgressões dele. Mesmo o coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, que sempre foi seu defensor, além de Carlos Fernando dos Santos Lima, amigo do então juiz, admitiram preferir que ele não participasse do governo Bolsonaro.

Um dia antes do anúncio de Moro, em 31 de outubro, a procuradora Jerusa Viecili, integrante da força-tarefa em Curitiba, escreveu no grupo Filhos do Januario 3: “Acho péssimo. Só dá ênfase às alegações de parcialidade e partidarismo”.

A procuradora Laura Tessler, também da força-tarefa, concordou: “Tb acho péssimo. MJ nem pensar… além de ele não ter poder para fazer mudanças positivas, vai queimar a LJ. Já tem gente falando que isso mostraria a parcialidade dele ao julgar o PT. E o discurso vai pegar. Péssimo. E Bozo é muito mal visto… se juntar a ele vai queimar o Moro”. Viecili completou: “E queimando o Moro queima a LJ”. Outro procurador da operação, Antônio Carlos Welter, enfatizou que a postura de Moro era “incompatível com a de Juiz”.

Quando Moro foi confirmado no cargo, o procurador Sérgio Luiz Pinel Dias, que atua na Lava Jato no Rio de Janeiro, escreveu no grupo MPF GILMAR MENDES que, daquele momento em diante, seria muito difícil “afastar a imagem de que a LJ integrou o governo de Bolsonaro”.

Mais críticas

As críticas a Moro aumentavam desde muito antes do anúncio oficial. A três dias do segundo turno das eleições, em 25 de outubro, os procuradores Jerusa Viecili e Paulo Roberto Galvão lamentaram que Moro e que a própria força-tarefa passassem a impressão de favorecer a candidatura de Bolsonaro.

Confirmada a vitória de Bolsonaro, o procurador Luiz Fernando Lessa ironizou o desejo de Moro em participar do governo. Em conversa com então presidente da Associação Nacional de Procuradores da República, José Robalinho Cavalcanti, ele disse: “Robalinho, já tem lugar na posse, do lado do Mourão? Com as tuas medalhas?”.

Reportagem: Revista Fórum.

guazelli

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