O clã Bolsonaro usou a disposição de cargos em gabinetes durante os 28 anos em que esteve na política para nomear mais de 100 pessoas com relações familiares que, muitas vezes, sequer sabiam do posto de trabalho. É o que conta reportagem especial que o Jornal O Globo traz na capa da edição deste domingo (4).

Em levantamento realizado pelos jornalistas Juliana Dal Piva, Juliana Castro, Rayanderson Guerra, Pedro Capetti, Marlen Couto, Bernardo Mello e João Paulo Saconi, das 286 pessoas nomeadas pelo atual presidente Jair Bolsonaro e por seus filhos, Flávio (senador), Carlos (vereador) e Eduardo (deputado federal/aspirante a embaixador), mais de um terço (102) tem algum grau de parentesco entre si.

A “Grande Família” Bolsonaro é suspeita de praticar a “rachadinha”, uma divisão de salários de funcionários com superiores, muitos desses parente sendo “laranjas”. O primeiro caso que veio a tona foi o da família do policial militar Fabrício Queiroz, que, segundo O Globo emplacou oito familiares no gabinete de Flávio Bolsonaro, quando este era deputado estadual no Rio de Janeiro, e é investigado pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ) pelo crime da divisão dos salários.

Outro que emplacou os parentes nos gabinetes do clã foi o também PM Jorge Antonio Francisco de Oliveira, hoje ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência. Ele colocou pai, mãe e tia em cargos comissionados.

A tia do atual ministro, Márcia Salgado de Oliveira, esteve lotada no gabinete de Flávio de 2003 até fevereiro deste ano, no entanto, nunca teve carteira de identificação emitida e, em processo movido em 2014, declarou-se “do lar”. Quando questionada pelo O Globodemosntrou desconhecer completamente o cargo que “ocupava” na ALERJ, com forte indícios de ser “laranja”. “Meu amor, você ligou para a pessoa errada”, disse ao jornal. O salário médio dela no período era de R$ 7,3 mil.

Dos nomeados que fazem parte da árvore genealógica dos Bolsonaro foram 22. Um dos primeiros nomeados pelo atual presidente em sua carreira política, inclusive, foi seu sogro, João Garcia Braga, o Jó, em 1991 – primeiro ano de mandato como deputado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ). Jó também ocuparia posto em gabinete de Flávio, entre 2003 e 2007. Os vizinhos disseram que ele, que faz parte de 40 dos 286 que transitaram entre mais de um gabinete, nunca trabalhou na ALERJ.

Outro caso destacado pelo O Globo é o de Diva da Cruz Martins e da filha Andrea, do gabinete de Carlos Bolsonaro. Enquanto Diva esteve lotada entre fevereiro de 2003 e agosto de 2005, a segunda aparece como funcionária desde 2005 até fevereiro deste ano. Andrea, em processo de 2013, declarou-se como “babá”, sem mencionar o cargo que teoricamente ocupava. O salário bruto médio real de Diva, que negou ter trabalhado com Carlos, foi de R$ 9 mil e o de Andrea, R$ 10,7 mil.

Reportagem: Revista Fórum.

guazelli

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