Além de confessar que planejou assassinar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, dizer que foi procurado por Michel Temer e Aécio Neves com propostas indecentes para barrar investigações e trazer à tona outras revelações dos bastidores de seu cargo como procurador-geral da República, Rodrigo Janot contou no recém-lançado livro “Nada menos que tudo” que o chefe da Lava Jato, Deltan Dallagnol, e outros procuradores da operação o pressionaram para denunciar o ex-presidente Lula por organização criminosa.

Os relatos de Janot confirmam as reportagens da série Vaza Jato, que mostram um conluio parcial entre o MP e a Justiça para levar o petista à prisão.

Em seu livro, o ex-PGR conta que foi procurado por Deltan Dallagnol, que tentou pressioná-lo para dar prioridade nas denúncias contra Lula. Janot teria recusado o pedido pois não poderia desobedecer uma decisão do então relator da Lava Jato no STF, o falecido ministro Teori Zavascki.

“Eles [os procuradores da Lava Jato] haviam me pedido para ter acesso ao material e eu prontamente atendera. Na decisão, o ministro deixara bem claro que eles poderiam usar os documentos, mas não poderiam tratar de organização criminosa, porque o caso já era alvo de um inquérito no STF, o qual tinha como relator o próprio Teori Zavascki e cujas investigações eram conduzidas por mim”, contou Janot. Os procuradores, no entanto, ignoraram a decisão do ministro do STF e, no famoso power point apresentado à imprensa, colocaram Lula no centro da organização criminosa.

“Eles queriam que eu denunciasse imediatamente o ex-presidente Lula por organização criminosa, nem que para isso tivesse que deixar em segundo plano outras denúncias em estágio mais avançado”, escreveu o ex-PGR no capítulo 15 do seu livro. Janot relatou a recusa ao pedido de Dallagnol para inverter os processos e dar prioridade ao caso Lula.”Não, eu não vou inverter. Vou seguir o meu critério. A que estiver mais evoluída vai na frente. Não tem razão para eu mudar essa ordem. Por que eu deveria fazer isso?’, respondi”.

Paludo disse, então, que Janot teria que denunciar o PT e Lula logo. Isso porque, se não tomasse tal decisão, a denúncia apresentada pela força-tarefa contra o ex-presidente por corrupção passiva e lavagem de dinheiro ficaria descoberta. “Pela lei, a acusação por lavagem depende de um crime antecedente, no caso, organização criminosa”, conta o ex-procurador-geral. “Ou seja, eu teria que acusar o ex-presidente e outros políticos do PT com foro no Supremo Tribunal Federal em Brasília para dar lastro à denúncia apresentada por eles ao juiz Sergio Moro em Curitiba. Isso era o que daria a base jurídica para o crime de lavagem imputado a Lula”.

“Ora, e o que Dallagnol fez? Sem qualquer consulta prévia a mim ou à minha equipe, acusou Lula de lavar dinheiro desviado de uma organização criminosa por ele chefiada. Lula era o ‘grande general’, o ‘comandante máximo da organização criminosa’, como o procurador dizia na entrevista coletiva convocada para explicar, diante de um PowerPoint, a denúncia contra o ex-presidente. No PowerPoint, tudo convergia para Lula, que seria chefe de uma organização criminosa formada por deputados, senadores e outros políticos com foro no STF”, prossegue Janot no livro.

Reportagem do site Revista Fórum.

guazelli

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