O economista e ex-presidente do Banco Central Carlos Langoni se tornou mais uma vítima da covid-19. Aos 76 anos, ele não resistiu ao avanço da doença e morreu ontem (13) no Rio de Janeiro.
Langoni estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital CopaStar desde novembro. Natural de Nova Friburgo (RJ), ele deixa deixa a mulher, Cristiana Dutra, dois filhos e quatro netos.
Em 1980, Langoni se tornou o mais jovem presidente do Banco Central. Aos 35 anos, ele assumiu a função no governo do presidente João Figueiredo, o último da ditadura militar, e ocupou o posto até 1983.
O Banco Central emitiu nota de pesar afirmando que Langoni ajudou a construir a estabilidade econômica do país e zelou pelo papel institucional que cabe aos bancos centrais de todas as economias. “Sempre atualizado, Langoni manteve diálogo constante com as figuras mais proeminentes do cenário econômico brasileiro e global. Ele fez do Centro de Economia Mundial da Fundação Getúlio Vargas um local de debate livre e vivo sobre os temas econômicos mais candentes da atualidade. O conhecimento de Langoni certamente fará falta no debate econômico”, diz o texto.
O economista foi o primeiro brasileiro a obter doutorado em economia na Universidade de Chicago, um centro de formação de liberais por onde também passou o atual ministro da Economia, Paulo Guedes. Langoni chegou na instituição em 1970 e foi influenciado pelas teorias monetaristas de Milton Friedman, considerado um dos economistas mais influentes do mundo no século passado.
Nas redes sociais, sua perda foi lamentada por diversos colegas. “Carlos Langoni foi um grande economista. Publicou em 1970 um estudo pioneiro, que mostrava a relação entre educação, crescimento e a desigualdade no Brasil. Como presidente do Banco Central, deu início ao sistema que geraria mais tarde a taxa Selic”, escreveu Henrique Meirelles, também ex-presidente do Banco Central.
Como docente, lecionou na Universidade de São Paulo (USP) e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Foi ainda diretor desta última instituição e implantou o primeiro programa de doutorado em economia do Brasil. Torcedor do Flamengo, ele chegou a compor a direção do clube. Em 2013, foi vice-presidente de reestruturação da dívida do clube na gestão do então presidente Eduardo Bandeira de Mello.
Nos últimos anos, Langoni deu apoio a Guedes e contribuiu, informalmente, com sugestões nas áreas de gás e de abertura comercial. Em outubro de 2019, o economista se tornou consultor para o ingresso do Brasil na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne as maiores economias do mundo.
Agência Brasil.
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