“O André deu muito problema porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6.000, ele devolvia R$ 2.000, R$ 3.000. Foi um tempão assim até que o Jair pegou e falou: ‘Chega. Pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo’. Não sei o que deu pra ele”, diz Andrea no áudio (ouça no fim da reportagem).
Antes de ser nomeado na Câmara Federal por Jair, onde ficou entre dezembro de 2006 e outubro de 2007 na Câmara Federal, André foi funcionário do gabinete de Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) por dois períodos – entre agosto de 2001 e fevereiro de 2005 e de fevereiro a novembro de 2006.
Na época, André chegou a morar na casa de Jair e da irmã, no Rio de Janeiro. Atualmente, ele vive em Resende, no interior do Estado, onde reside a maior parte da família de Ana Cristina.
Ferrar a vida de Jair
O áudio obtido pela jornalista é do dia 6 de outubro de 2018, véspera do primeiro turno das eleições. As gravações mostram que Andrea estava preocupada com o fim da “mesada” que recebida como funcionária fantasma no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), de onde foi exonerada em agosto do mesmo ano.
A fisiculturista confessa que sabe “muita coisa”, que pode “ferrar a vida” de Jair e dos filhos.
“Não é pouca coisa que eu sei, não. É muita coisa que eu posso ferrar a vida do Flávio, posso ferrar a vida do Jair, posso ferrar a vida da Cristina. Entendeu? Então, é por isso que eles têm medo e manda (SIC) eu ficar quietinha, não sei o que, tal. Entendeu? É esse negócio aí”, diz.
Andrea ainda revela que além de Fabrício Queiroz, o coronel do Exército Guilherme dos Santos Hudson, ex-colega de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), fazia a coleta do dinheiro junto aos funcionários.
“O tio Hudson também já até tirou o corpo fora porque quem pegava a bolada era ele. Quem me levara e buscava no banco era ele”, disse ela.
“Na hora que eu estava aí fornecendo também e ele estava me ajudando porque eu ficava com mil e pouco e ele ficava com sete mil reais, então assim, certo ou errado agora já foi, não tem jeito de voltar atrás”, emenda.
Em outras duas reportagens, a jornalista revela que Márcia Aguiar, esposa de Fabrício Queiroz, tratava Jair Bolsonaro como “01”, em conversa com a filha do assessor, Nathália Queiroz, que também atuou como funcionária fantasma no gabinete de Bolsonaro.
A terceira reportagem da séria revela como o “tio Hudson” era o responsável por recolher parte da propina dos salários pagos aos funcionários fantasmas dos gabinetes de Flávio na Alerj.
Ouça os áudios divulgados pelo Uol:
Reportagem de Plinio Teodoro, da Revista Fórum.
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