Após o fim do primeiro dia de aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021, a Agência Brasil conversou com professores e estudantes. Eles relatam que o exame seguiu o padrão de edições anteriores e que exigia bastante interpretação de texto. Em um ano de pandemia, o preparo foi mais difícil e, os candidatos disseram que acharam a prova bastante difícil. 

Heloísa Lara, 24 anos, fez a prova em Cacoal (RO). A estudante que quer cursar medicina é veterana no Enem. Hoje, ela diz que estava com muita dor de cabeça.“Eu achei mais difícil do que no ano passado, não sei se foi porque eu não estava bem e não consegui me concentrar direito”, conta.

Apesar disso, ela gostou da prova. “Eu gostei bastante dos textos, porque trouxeram assuntos importantes como a escravidão, o abandono de animais e também a crise dos refugiados, que foram textos que me marcaram bastante”.

Quando fez o Enem 2020, Heloísa contou à Agência Brasil que a sala de prova estava vazia porque muitos estudantes tinham faltado. Nesta edição, foi diferente. “Esse ano teve muito mais salas cheias, apesar disso teve o distanciamento. Os fiscais ofereciam álcool em gel na entrada e para os que não levaram álcool. Todos usando máscara, mas na hora da saída teve aglomeração”, diz.

Pelas regras do Enem é obrigatório o uso de máscaras e o distanciamento. As pessoas com covid-19 e outras doenças infectocontagiosas não devem comparecer aos locais de prova.

No Rio de Janeiro, Iuri Cabral, 19 anos, conta que, por conta da pandemia e do ensino remoto, ele passou boa parte dos últimos meses sem estudar.

Apenas recentemente, com a retomada das aulas presenciais, ele diz que conseguiu retomar também os estudos e correr atrás do tempo perdido.

“Eu acho que fui bem na prova, tive algumas dificuldades, mas no geral fui bem. O tema da redação foi bem diferente do que eu esperava, mas consegui desenvolver bem o texto. No geral, achei bom o conteúdo da prova, foi o que eu estudei”, diz o estudante que também pretende cursar medicina.

Evani de Sousa Costa, 31 anos, fez a prova em São Paulo. Este foi o primeiro o primeiro Enem que fez. “Achei tudo muito difícil”, conta. Ela pretende usar a nota para cursar farmácia. “Não tive muito tempo para estudar esse ano, mas mesmo assim decidi fazer o exame. Hoje não fui muito bem, sai arrasada, mas espero que dê tudo certo”, diz.

Questões interpretativas

Na avaliação do professor de geografia e atualidades do Descomplica Cláudio Hansen, ao contrário do que vinha sendo observado nos últimos anos, com questões mais conteudistas, as questões das provas de hoje foram mais interpretativas. “O que a gente reparou agora foi mais uma necessidade de você entender os textos e conseguir contextualizar, mais do que exigir de você conhecimento para você acertar a questão, era mais uma capacidade interpretativa e de contextualização”, diz.

Segundo Hansen, ter a maioria das questões de um tipo, pode desequilibrar a avaliação. “A prova do Enem reconhecidamente é dividida em questões fáceis, médias e difíceis, então quando coloca a prova muito ligada a um modelo só interpretativa ou só conteudista, ela perde um pouco da proposta dela de analisar habilidades e competências, que é uma das coisas que se fala do enem prova que quer interpretar um caminho de aprendizagem do aluno, em diferentes níveis de cobrança”, analisa.

De acordo com o professor, a prova cobrou questões indígenas, discriminação racial, questões de meio ambiente, de gênero, mas deixou de fora pontos polêmicos, como desmatamento. O período do regime militar apareceu apenas indiretamente em uma questão que trazia a canção Admirável Gado Novo, de Zé Ramalho. A música que traz críticas sociais foi composta na década de 1970.

Para o diretor do curso Anglo, Daniel Perry, a prova manteve o padrão de anos anteriores em termos de habilidades cobradas e de nível de dificuldade. “Muita análise de diferentes gêneros textuais em todas as áreas do conhecimento. Não apresentou polêmicas, mas dialogou com temas da atualidade, como a passividade política, erotização do corpo feminino, o racismo, questão indígena, dentre outros”, diz e acrescenta: “O exame foi equilibrado no que se refere a nível de dificuldade, como é praxe do Enem, uma boa distribuição entre questões fáceis, médias e difíceis. Foi uma prova trabalhosa e cansativa, como também é padrão desse exame de seleção”.

Agência Brasil.

guazelli

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