Na busca desenfreada para sustentar sua tese mentirosa de fraude nas urnas eletrônicas, Jair Bolsonaro (PL) escalou parte do governo para fazer um pente fino no sistema de votação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e mandou o general Luiz Eduardo Ramos, atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência, procurar o técnico em eletrônica Marcelo Abrieli, que defendeu uma teoria da conspiração propagada em grupos bolsonaristas.  

Segundo investigação conduzida pela delegada Denisse Ribeiro, da Polícia Federal, desde 2019 Bolsonaro usa aparato e agentes públicos para levantar “provas” da fraude nas urnas eletrônicas.

Além de Ramos, participou da empreitada o general Augusto Heleno, ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e o delegado Alexandre Ramagem, amigo da família Bolsonaro e chefiado por Heleno, que deixou o governo para se candidatar nas eleições de 2022.

Informações divulgadas por Fábio Serapião, em reportagem na Folha de S.Paulo, mostram que Abrieli foi procurado duas vezes por agentes do governo.

“No final de 2019, o general Ramos entrou em contato, por telefone, com o declarante para agendar uma reunião no Palácio do Planalto com o presidente Bolsonaro. Que a reunião teria como tema indícios de fraude nas urnas eletrônicas e que o declarante falaria sobre as informações descobertas em 2014 sobre as eleições”, disse o técnico em eletrônica em depoimento à PF.

Oito pessoas, incluindo Bolsonaro e Ramos, participaram da primeira reunião com Abrieli, que foi procurado novamente entre junho e julho de 2021, antes da live em que Bolsonaro prometeu revelar provas das fraudes, o que não aconteceu.

“Durante essa conversa foi avisado que estavam reunindo várias informações sobre possível fraude nas urnas eletrônicas. O general Ramos pediu para o declarante falar um pouco sobre as informações que descobriu”, relatou.

Abrieli diz ainda ter tido contato com outro militar, o coronel Eduardo Gomes da Silva, responsável por apresentar as suspeitas de fraudes na live.

Também ouvido pela PF, o perito criminal da PF Ivo Peixinho, especialista em crimes cibernéticos e responsável por testes nas urnas eletrônicas, disse que a mando da Abin, fez uma consulta “sobre informações sobre ocorrências ou atividades envolvendo urnas eletrônicas nas eleições”, sem apontar fraudes nas urnas. O material também foi usado por Bolsonaro na live.

A delegada Denisse Ribeiro concluiu que a live presidencial foi realizada com o “nítido propósito de desinformar e de levar parcelas da população a erro quanto à lisura do sistema de votação” e “alimenta teorias que promovem fortalecimento dos laços que unem seguidores de determinada ideologia dita conservadora”.

Segundo ela, a ação coordenada por Bolsonaro para desacreditar o sistema de votação é parte dos atos relacionados à organização criminosa investigada no inquérito das milícias virtuais ligadas ao presidente.

Reportagem de Plinio Teodoro, da Revista Fórum.

guazelli

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