O Japão enfrentou choque e tristeza nesta sexta-feira (8), tentando assimilar o assassinato do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe em um país onde as armas de fogo são bem regulamentadas e a violência política é extremamente rara.

Abe foi baleado enquanto fazia um discurso de campanha e levado ao hospital de helicóptero. Sua morte foi anunciada na noite de sexta-feira.

Do primeiro-ministro protegido de Abe, Fumio Kishida, às pessoas comuns nas mídias sociais houve uma onda de tristeza em uma nação onde a violência política é muito rara. A última vez que um ex-primeiro-ministro foi morto foi há quase 90 anos.

“Estou incrivelmente chocado”, disse a governadora de Tóquio, Yuriko Koike, em uma coletiva de imprensa antes do anúncio da morte de Abe, lutando contra as lágrimas. “Não importa o motivo, um ato tão hediondo é absolutamente imperdoável. É uma afronta à democracia.”

Koki Tanaka, um trabalhador de TI de 26 anos no centro de Tóquio, expressou uma opinião semelhante: “fiquei simplesmente surpreso que isso pudesse acontecer no Japão”.

As restrições de posse de armas do Japão não permitem que cidadãos comuns tenham revólveres, e caçadores licenciados podem possuir apenas rifles. Os proprietários de armas devem assistir às aulas, passar por um teste escrito e passar por uma avaliação de saúde mental e uma verificação de antecedentes. 

Os tiroteios, quando ocorrem, geralmente envolvem gângsteres da “yakuza” usando armas ilegais. Quando ocorrem assassinatos em massa, como quando 19 foram assassinados em uma instalação para deficientes mentais em 2016, eles tendem a ser com facas.

Ataques a políticos também são incomuns. Houve apenas um punhado no último meio século, mais notavelmente em 2007, quando o prefeito de Nagasaki foi baleado e morto por um gângster – um incidente que resultou em um endurecimento ainda maior das regulamentações sobre armas.

A última vez que um ex-primeiro-ministro foi morto foi em 1936, durante o militarismo radical do Japão antes da guerra.

O homem preso por atirar em Abe é um ex-militar japonês que disparou uma arma de fogo caseira, segundo relatos da mídia. O ministro da Defesa, Nobuo Kishi, irmão de Abe, recusou-se a comentar esses relatórios.

As respostas ao tiroteio inundaram as redes sociais, com “Abe-san” sendo o tópico mais popular no Twitter japonês à tarde.

“Não consigo parar de tremer. Este é o fim do Japão pacífico”, escreveu o usuário do Twitter Nonochi. “Há muitos políticos que eu gostaria de ver desaparecer, mas assassinato é inconcebível. É o começo do fim da democracia”.

Brasil247, por meio da Reuters.

guazelli

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